sexta-feira, dezembro 10, 2010

Eu devia beber mais água

Devia beber mais água é tão verdadeiro quanto, "a ingestão de lactícinios fortalece a estrutura óssea (1)(2)(3)(4)(5)". A água constitui em torno de 60% da constituição do ser humano (6) e, por uma qualquer razão, popularizou-se que se deve ingerir um litro e meio/dois por dia de líquidos (embora já tenha ouvido quatro(!)).

Acontece que mais do que acreditar numa pessoa ou num conjunto de pessoas, no que toca ao nosso corpo, é preciso experimentar e ouvir o corpo, pois a ingestão de água está naturalmente relacionada com o que se come pois, ao existirem alimentos ricos e outros com pouca água estes influenciam a água disponível no organismo.

Para além da alimentação convém considerar outros factores pois a actividade física intensa, requer que se beba água, acontecendo o mesmo em climas quentes.

Ou seja, a quantidade de água a ingerir diariamente depende sobretudo da pessoa e a forma de a determinar nas experiências que a própria pessoa faz e, por falar em experiência, experimenta, por duas semanas:
deixar de beber às refeições e, se gostares continua se não faz outra experiência que é
beber apenas líquidos, água e chá, quentes durante o mesmo tempo e, se gostares, continua.

Andar munido de água é bom mas sentir, escutando o corpo, e reflectir usando a cabeça, também o é.

Referências
(1) Lanou, Amy Joy, Berkow, Susan E., Barnard, Neal D.
Calcium, Dairy Products, and Bone Health in Children and Young Adults: A Reevaluation of the Evidence, Pediatrics 2005 115: 736-743
(2) Feskanich D, Willett WC, Stampfer MJ, Colditz GA. Milk, dietary calcium, and bone fractures in women: a 12-year prospective study. Am J Public Health 1997; 87:992-97
(3) Ellis F R, Holesh S, Ellis J W; Incidence of osteoporosis in vegetarians and omnivores, Am J Clin Nutr 1972; 25:555-558
(4) Bischoff-Ferrari, Heike A, Dawson-Hughes, Bess, etal, Calcium intake and hip fracture risk in men and women: a meta-analysis of prospective cohort studies and randomized controlled trials, Am J Clin Nutr 2007, 86: 1780-1790
(5) Hegsted, D Mark, Fractures, calcium, and the modern diet, Am J Clin Nutr 2001, 74: 571-573
(6) Jackson, Sheila (1985). Anatomy & Physiology for Nurses. Nurses' Aids Series (9th ed.). London: Bailliere Tindall

terça-feira, dezembro 07, 2010

Poderá o vegetarianismo não ser saudável?


Coco.
Originally uploaded by Rodrigo Valença fotógrafo
"O vegetarianismo é de tal forma ambíguo que não se pode garantir que seja sempre saudável"
Francisco Varatojo

É uma opinião que eu subscrevo por completo porque "trocar" a carne por seitan, e o peixe por tofu, não contribui para trazer o equilíbrio à refeição.

sábado, dezembro 04, 2010

quem vai sofrer não está com idade de perceber estas coisas


one-euro seeds
Originally uploaded by eli3b
"[A reforma da Segurança Social] só foi possível porque foi votada pelas gerações mais velhas, quem vai sofrer não está com idade de perceber estas coisas"

Fernando Ulrich, presidente do BPI
No Jornal i de 3 de Dezembro 2010

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Começar o dia a valer


Common view
Originally uploaded by Claire Rose
Frequentemente, o descanso da noite traz uma grande inércia ao raiar do dia, mesmo que se tenha tido uma noite de sono bem descansada, o jantar não tenha sido pesado e não hajam pensamentos que estejam a importunar o sono.

No entanto esta inércia característica da manhã que, com o passar do tempo, acaba por ser assumida como normal pode, por vezes, tornar-se aborrecida não apenas para a própria pessoa mas, pode também resultar em atitudes menos adequadas para com os outros sem necessidade. Felizmente, há formas simples de contornar a situação que passam por activar a energia que se tem e fazê-la circular pelo corpo inteiro.

A minha experiência diz-me que fazer uma prática de Surya Namaskar quando se acorda é muito boa neste sentido mas há também alternativas que passam por: correr, nadar, andar de bicicleta ou seja fazer algum exercício ou então fazer Do-in (auto Shiatsu).

Passado o tempo, após uma destas actividades que a pessoa sinta que é o adequado para si, é então hora para tomar um bom pequeno-almoço pleno de vitalidade, fresco e que nutra o organismo. Neste caso, os alimentos que, a mim, mais me satisfazem são as frutas da época em sumo ou à dentada
ou sumos de legumes como a cenoura.

E é assim, que me sinto preparado para começar mais um dia claro que cada pessoa tem as suas características pessoais e o ideal é ir fazendo experiências e encontrar as práticas e os alimentos com os quais a pessoa se identifica mais.

Um óptimo dia!

sexta-feira, novembro 26, 2010

Será o recente investimento na Brio, o primeiro passo para um monopólio da agricultura biológica em Portugal?


colorful vegetables
Originally uploaded by computix
A agricultura biológica (AB) é um conceito relativamente novo no comércio português sobretudo porque nos hipermercados é vendido como produto gourmet, a preços exorbitantes.
Durante muitos anos foi a Biocoop, quem reinou o mercado de AB em Lisboa, pois nem as Lojas Celeiro nem a Espiral se apresentava como grandes concorrentes no segmento da AB.

No entanto a chegada da Miosótis a zonas mais movimentadas da cidade, como o Campo Pequeno e, mais recentemente, em São Sebastião aliado ao crescimento dos mercados ao Sábado no Príncipe Real, e mais recentemente em Algés, Oeiras e na avenida de Roma veio trazer este conceito para mais próximo do consumidor. Assistiu-se também a abertura de outras lojas com mesmo conceito, dedicando-se exclusivamente à AB como a BioSábio, em Oeiras e o Espaço Bio, no Parque das Nações, junto ao restaurante Miss Saigon. Para além destes players surgiu também os supermercados Brio, inicialmente em Campo de Ourique e agora também em Carnaxide podendo afirmar com alguma segurança que os grandes players em Lisboa, continuam a ser a Biocoop, a Miosótis e a Brio.

Apesar de tudo, assistiu-se à entrada de um grande investidor, nos supermercados Brio (1) o que, entre outras coisas significa que ali há muito dinheiro para espremer ou seja a Brio com alguma brevidade vai começar a sofrer ainda mais pressão por margens de lucro e exploração dos trabalhadores embora se adivinhe uma significativa expansão dos seus supermercados.

Por outro lado, tendo em conta o reduzido número de players existentes, a Brio poderá rapidamente tornar-se o grande player no mercado nacional. Se isto vier a acontecer o mais provável é acabar por ser vendido a um grande retalhista como a Sonae ou a Jerónimo Martins pois o modelo de negócio encaixa-se na perfeição.

Se isto vier a acontecer, já é conhecido o fenómeno de asfixia do mercado em que um produtor inicialmente tinha vários compradores, mas entretanto há um que lhe assegura a compra de toda a produção, com isto consegue-se preços mais baixos, mas asfixia a concorrência. Posteriormente, quando já não há concorrência o retalhista consegue impor as condições que bem lhe apetece ao produtor que já não tem saída, porque os compradores antigos já saíram todos do mercado. Um caso semelhante está actualmente a acontecer em Peniche através do Clube de Produtores (2)(3).
No entanto, não vejo que isto se torne mesmo assim, porque muitos produtores da AB já conhecem este fenómeno. No entanto nunca se sabe pois o dinheiro move quase tudo e, como grande investidor, Pais do Amaral apenas lá este pelo retorno.

Referências
(1) http://economico.sapo.pt/noticias/pais-do-amaral-investe-em-supermercados-biologicos_104528.html
(2) http://www.clubeprodutores.sonae.pt/html/produtores02.html
(3) http://sic.sapo.pt/programasinformacao/scripts/VideoPlayer.aspx?ch=reportagem%20sic&videoId={8A08BE64-A73B-4C6A-AF85-94E86F976121}

Eric Cantona: "Revolução é tirar o dinheiro dos bancos"

Mais no site do jornal Expresso

segunda-feira, novembro 22, 2010

Ainda há crianças soldado nos dias que correm


Child Soldier
Originally uploaded by hasan_ali
China Keitetsi, foi criança-soldado, uma realidade que continua a existir nos dias em que vivemos (1) e esteve em Lisboa no ISCSP, dia 19, para partilhar o seu testemunho e despertar consciências a convite da Amnistia Internacional.

China foi criança com uma arma permanentemente debaixo do braço. O sorriso e o reconhecimento vinham dos seus superiores, quando China e os seus companheiros, de quatro e cinco anos, seguiam quaisquer que fossem as ordens dadas pelos seus superiores.

Contudo, naquele meio não haviam crianças, não haviam rapazes nem raparigas, ali eram todos soldados e, como todos os soldados, por vezes a pressão é tanta que algumas crianças acabavam a sua própria vida, outras partiam para a droga, algumas eram emboscadas e tantas são as que ainda morrem em combates.

Para China, foi um choque quando deixou o continente Africano e aterrou na Dinamarca onde, adultos de sessenta anos ainda convivem com a família pois, quando China se libertou, descobriu que o pai morrera, a mãe morrera e os irmãos também.

Mas era assim, como na Dinamarca onde todas as crianças crescem com o amor dos pais, onde as crianças vivem a sua infância sem medo, sem terror que todas as crianças deviam crescer.

(1) http://en.wikipedia.org/wiki/Military_use_of_children

sábado, novembro 20, 2010

Os manifestantes anti-Nato

Ausência de liberdade de expressão
Se há algo que não me faz sentido nenhum foram os manifestantes impedidos de entrar em Portugal por terem cartazes anti-Nato, anti-polícia e terem roupa preta no carro.

Um outro ponto que não consigo pereceber foi a detenção de cartazes anti-Nato. Pergunto-me se os cartazes fazem mal a alguém. A isto eu chamaria ausência de liberdade de expressão mas cada um terá o seu ponto de vista.

Black Block
Pergunto-me também onde estão os Black Block, sobre os quais a polícia portuguesa afirmava estarem já em Portugal para a manifestação é que, como se vê nas manifestações em Génova de 2001, os manifestantes eram bem coniventes com a polícia e, mais recentemente, em 2007 a própria polícia admitiu a existência de agentes infiltrados.

Sobre a desobediência civil (vídeos em baixo, não editados pela imprensa generalista)
Da acção não violenta de desobediência civil foram detidas 42 pessoas pelos seguintes crimes
  • Corte da via pública
  • Alterações da ordem pública
  • E outras coisas que ainda estamos a averiguar
E então o que dizer sobre terroristas de 3 anos?



quinta-feira, novembro 18, 2010

A imprensa continua a ser uma ferramenta dos regimes

Como se vê claramente na imprensa, não se informa sobre o que a NATO é, de onde veio, para onde vai e para que serve, tão pouco é abordado o que vai ser discutido na cimeira ou seja o que vai estar em jogo em cima da mesa mas, mesmo assim, e APENAS em segurança foram €10 milhões do bolso do contribuinte português.
Todos falam da cimeira e todos têm a percepção de estarem informados sobre a cimeira mas, o que todos falam sobre a cimeira pode-se resumir ao seguinte:
Há manifestantes detidos nas fronteiras
Há forte policiamento no Parque das Nações
Vão haver manifestações em Lisboa
Vão haver restrições ao trânsito em Lisboa durante a cimeira
O Obama vai estar em Portugal

Mas e a cimeira é mesmo para discutir o quê? Porquê tantos chefes de estado? Porque é que esta informação não salta cá para fora?

Referências:
(1) http://www.publico.pt/Sociedade/seguranca-da-cimeira-da-nato-podera-custar-ate-10-milhoes-de-euros_1465057

quarta-feira, novembro 10, 2010

Sobre despedidas de solteiro em casas de striptease

"O que sempre achei estranho foi a escolha destes sítios para despedidas de solteiro. Na verdade nunca achei piada a despedidas de solteiro. Ao próprio conceito, quero dizer. Além de uma ideia pouco original, é um programa pouco original [...]
Se o noivo não é cliente regular, esta é a forma de os amigos lhe mostrarem o que vai perder. Mas, no fundo, não vai perder absolutamente nada. [...]
A questão é esta: ninguém casa obrigado. É um acto voluntário. E é suposto ser uma coisa boa, que se faz quando se quer. Então porquê marcar a entrada num outro patamar da nossa vida com um ritual bizarro que talvez deixe saudades?"

FARINHA, Paulo, O estranho ritual das despedidas de solteiro, Notícias Magazine n 963 Nov 2010, pp 82

quinta-feira, novembro 04, 2010

Teixeira dos Santos - o demagogo


Portugal Telecom
Originally uploaded by 15f2282
"Acho que isto causará um dano reputacional e com certeza que os portugueses terão muita dificuldade em perceber que num momento destes, em que todos somos convocados a colaborar ou a participar num esforço nacional para ultrapassarmos os problemas com que nos defrontamos nos mercados financeiros internacionais, acho que os portugueses terão dificuldade em perceber um comportamento que possa perfilhar uma tentativa de fugir ao pagamento de impostos no próximo ano", Teixeira dos Santos, sobre a intenção de a PT distribuir o dividendo extra em 2010

Estas afirmações são de uma demagogia tal, que é surpreendente como é que este homem consegue ocupar a pasta de Ministro das Finanças:
(1) poucos são os portugueses que, na verdade, compreendem as implicações desta opção
(2) a reputação aumenta, pois é muito sensato a administração optar por este caminho
(3) não é uma fuga aos impostos, pois a PT e os accionistas vão continuar a pagar os devidos impostos vão é ser taxados por uma taxa inferior

http://economico.sapo.pt/noticias/se-a-pt-pagar-dividendos-este-ano-da-ideia-de-querer-fugir-aos-impostos_103386.html

sábado, outubro 30, 2010

Quando ex-governantes partem para as instituições internacionais...

Quando ex-governantes portugueses partem para instituições internacionais como António Guterres que afundou o país sem ter chegado ao fim do seu mandato e o ocupa o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, quando o seguinte, Durão Barroso faz a mesma asneira em menos tempo e ocupa o cargo de Presidente da Comissão Europeia, o que se pode deduzir sobre essas organizações?

Os impostos e as análises na imprensa

Na Visão de 21/10 e no Expresso de 23/10 fez-se uma tentativa de apresentar o impacto que o aumento dos impostos impostos vão ter no próximo ano no bolso dos portugueses. As análises feitas pela PwC e pela Deloitte, respectivamente são muito pragmáticas só que ao fazer uma comparação às duas análises pode-se concluir o seguinte:

A análise da Visão/PwC é mais realista pois
(1) Considera rendimentos anuais a começar nos €5.000 enquanto a Deloitte começa nos €20 000
(2) No caso de solteiros as aplicações em PPR só são consideradas a partir dos €33 000 enquanto a Deloitte começa nos €20 000
(3) A análise da Deloitte considera que os casais têm dois filhos quando, cada vez mais os casais só tem um filho e este cenário é contemplado na análise da PwC.

É verdade que a análise na Visão apresenta muitos mais cenários que o Expresso mas, tendo o Expresso optado por apresentar uma análise mais reduzida, será uma análise representativa de Portugal?

Ou seja rendimentos a começar nos €20 000 anuais, aplicações em PPR a partir desses rendimentos e casais com dois filhos não me parece que seja uma análise representativa da população portuguesa.

Quem sabe, talvez seja a realidade dos leitores do Expresso, talvez a análise tenha sido desenhada para eles mas não é para rendimentos acima dos €20 000 que o efeito se vai sentir. O efeito vai ser sentido sim nas camadas mais desfavorecidas e é importante que esta informação salte, venha cá para fora para que os mais abastados conheçam a realidade do país e não fiquem apenas sentados em poltronas feitas do trabalho e do esforço de quem, na verdade conhece o significado de trabalhar.

Ninguém foi feito para morrer


The Dead Couple
Originally uploaded by jnhkrawczyk
"Ninguém foi feito para morrer e vi morrer bastante gente"

António Lobes Antunes na Visão(920)

quarta-feira, outubro 27, 2010

Cavar a própria sepultura I

Há uns tempos fui depositar dinheiro num banco tendo, e, para tal, dirigi-me ao balcão onde para ser atendido por um funcionário, fiquei numa fila com duas pessoas à minha frente cerca de dez minutos. Demora tempo sim mas fi-lo porque da última vez que fui à máquina ela ficou-me com o dinheiro e, por consequência, tive de ir para a fila. De qualquer forma, prefiro ser atendido por uma pessoa do que lidar com robots.

Após o funcionário ter-me atendido tivemos o seguinte diálogo:
Funcionário (F): Sabe que pode ir à máquina
Eu (E): Da última vez que fui à máquina, ela ficou-me com o dinheiro e tive de vir para aqui à mesma:
F: Mas agora já está a funcionar bem, sabe que não tem de ficar na fila
E: Pois, mas o banco tem todo o interesse que as pessoas fiquem na fila
F: Não, claro que o banco não tem interesse nenhum
E: Claro que tem, pois caso contrário punham mais funcionários no atendimento
F: Isso não faz nenhum sentido
E: Claro que faz, o banco tem todo o interesse de as pessoas irem para as máquinas para pagar menos aos funcionários
F: Isso não faz nenhum sentido
E: Claro que faz, o banco tem todo o interesse em baixar custos com o pessoal, pois a sua tarefa pode ser substituida por uma máquina que funciona sempre

(È importante fazer um parêntesis aqui):

É interessante observar como um funcionário de uma instituição bancária, que terá algum nível de instrução, não tem capacidade crítica, conseguindo assim cavar a sua própria sepultura ao sugerir as pessoas para irem para os robots e, acima de tudo consegue ainda assim, defender com unhas e dentes uma instituição que está, nas tintas para a pessoa, pois o banco apenas está interessado no resultado das tarefas realizadas pelo funcionário.

Ou seja, nestas pequenas situações é possível ver como a sociedade anda doente e adormecida num profundo paradoxo pois os funcionários são altamente leais e defendem com unhas e dentes as instituições que não se interessam por eles e há muitas pessoas instruídas que perderam a sua capacidade crítica e que cavam a sua própria sepultura.

Não é a primeira vez que tenho este tipo de conversas com funcionários que fazem atendimento ao público e embora hajam uns que pensam, a massa crítica ainda está do lado dos que preferem fazer o seu próprio buraco.

Cavar a própria sepultura II

A estratégia é meramente psicológica pois ninguém gosta de ficar à espera e, como tal, o banco tem de fazer com que as pessoas sintam esse desconforto, ao mesmo tempo oferecendo uma alternativa, ou seja poucos funcionários a fazer o atendimento leva a filas de espera, tempo de espera, impaciência, a solução é uma máquina com muita publicidade.

Isto fará o seguinte: mais funcionários tornam-se redundantes e portanto ao longo do tempo vai ser possível ter menos funcionários a fazer este tipo de trabalho, o que não quer dizer que os mesmos sejam despedidos e então perguntas-te qual é o problema disto.

De facto é bom o banco reduzir os seus custos mas isso não tem impacto para ti, tão pouco para o preço dos serviços que eles oferecem, a não ser claro que sejas accionista. O facto de interagirmos cada vez menos com pessoas e mais com máquinas tem, neste caso o inconveniente de: os problemas com o serviço demorarem mais tempo a serem resolvidos e com o passar do tempo esquece-se do problema e o banco não tem de o resolver e portanto faz o que lhe apetece, parece-me uma ditadura mas de facto a tendência aponta nessa direcção. Ao interagir com uma pessoa é completamente diferente, ou vais-me dizer que não?

segunda-feira, outubro 25, 2010

A estratégia do medo na imprensa


Newspaper and tea
Originally uploaded by Matt Callow
França, Grécia, Alemanha, Espanha, Moçambique entre outros são países em que se tem assistido a uma grande contestação social e forte mobilização social na rua devido a medidas aprovadas pelo Governo e que, por serem suficientemente asfixiantes, trouxeram as pessoas para a rua.

No intuito de impor essas medidas na ditadura democrática que se vive actualmente na sociedade ocidental, os governos têm muitas ferramentas ao seu dispor nomeadamente a manutenção da ordem pública através da polícia opressora a qual tem por objectivo manter as pessoas na ordem. Em países “democráticos” este tipo de atitude é estranha pois o governo aprova medidas hercúleas, para manter os ricos mais ricos e os pobres mais pobres e espera-se que os cidadãos aceitem de forma passiva este tipo de injustiças.

Uma outra ferramenta que os governos têm à sua disposição é a imprensa que, em tempos foi claramente uma ferramenta dos regimes e hoje, tornou-se uma ferramenta encapotada dos regimes. Diz-se que a imprensa é livre, é independente, informa e dá, de facto, a ideia que assim o é só que quando se vê notícias com o título “Polícia francesa dispersa estudantes com gás lacrimogéneo”, observa-se que isto é também uma forma de incutir medo nas pessoas e dissuadi-las de virem para a rua. Relembre-se também que Portugal é um país à beira da ruptura e portanto é bom que as pessoas fiquem quietinhas.

http://economico.sapo.pt/noticias/policia-francesa-dispersa-estudantes-com-gas-lacrimogeneo_102000.html

sábado, outubro 23, 2010

Sobre a escola

"Uma escola onde o respeito que o professor espsra é, cada vez mais, recusado por alunos, encarregados de educação, políticos ou mesmo a sociedade em geral"

"Uma escola onde se exige a produção de competências ao invés da formação de consciências"

CABRITO Belmiro Gil, A escola que eu gostava que existisse, CAIS 2010, 155 (Setembro), 18-19

quinta-feira, outubro 21, 2010

Os domingos das grandes superfícies

Por vezes surgem afirmações tão absurdas que é inacreditável alguém conseguir fazer afirmações assim. Bom, de facto as pessoas não conseguem fazer afirmações deste género, são as empresas que as fazem, as tais que não se sabe bem de quem são e quem servem e portanto, no seguimento, da autorização concedida às grandes superfícies a Sonae fez as seguintes afirmações:

Os Hipermercados Continente estarão abertos no próximo domingo todo o dia, em benefício dos cidadãos
Os cidadãos verdadeiramente beneficiados são:
Os administradores das empresas que tem participações na Sonae
Os administradores da Sonae
Os accionistas que beneficiam da valorização das acções da Sonae

Como estas pessoas não são estatisticamente significantes, podiam deixar as grandes superfícies fechadas. O problema é que, como as mesmas são economicamente significantes a decisão pesa mais para o lado do dinheiro

A decisão é geradora de emprego e riqueza para a economia nacional
A decisão não é geradora de emprego, pois o sistema funciona de forma tal que, ao atrair os consumidores para as catedrais de consumo vai afasta-los do comércio tradicional. O inconveniente disto é que apenas as grandes marcas conseguem negociar com a grande distribuição e, os pequenos vão perecendo lentamente até desaparecerem completamente contribuindo assim para a criação de oligopólios que resultam em menos escolha para o consumidor. O problema deste modelo é que a riqueza vai lá para fora, isto porque as bolachas são feitas lá fora, os cereais são feitos lá fora, a fruta vem lá de fora, a electrónica vem lá de fora e por aí em diante, ou seja a riqueza é toda exportada

Posto isto onde está a geração de emprego e riqueza para a economia nacional?

http://economico.sapo.pt/noticias/continente-jumbo-e-pao-de-acucar-abertos-a-tarde-a-partir-de-domingo_102278.html

quarta-feira, outubro 20, 2010

A osteoporose e o leite


cookie splash
Originally uploaded by ]babi]
Hoje é o dia mundial da osteoporose o qual foi criado para despertar a consciência sobre um quadro clínico que afecta milhares de pessoas no mundo. Para tal desde a semana passada, assiste-se em Lisboa a uma renovação massiva do mobiliário urbano que consiste em inundar os espaços publicitários com cartazes que mencionam que o cálcio é importante para a saúde dos ossos e que o leite é rico em cálcio, as quais são afirmações verdadeiras mas daí a associar o consumo do leite a uma boa saúde dos ossos vai uma distância considerável.

Na verdade, o que se verifica na literatura científica é que, pelo menos desde 1972, já se verifica que um consumo elevado de proteína animal contribui para a fractura óssea (1).

Por outro lado, em Harvard afirma-se que o valor do leite na prevenção da osteoporose é pouco claro (2) e, num artigo sobre o cálcio e o leite (3) é apresentada uma visão muito equilibrada sobre o leite e o cálcio.

Assim neste dia, para além de se alertar para o tema da osteoporose, talvez fosse importante pesquisar e reflectir sobre os paradigmas em que nos encontramos, pois há cálcio para lá do leite.

(1) ELLIS F R, HOLESH S, ELLIS J W; Incidence of osteoporosis in vegetarians and omnivores, Am J Clin Nutr 1972; 25:555-558
(2) http://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/questions/calcium-questions/
(3) http://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/what-should-you-eat/calcium-full-story/

quinta-feira, outubro 14, 2010

Vegetariano sem tofu, sem seitan

A ideia de que vegetariano não passa sem tofu e sem seitan continua a ser perpetuada, pois há a crença de que esses alimentos substituem a carne e o peixe e portanto devem ser consumidos com regularidade pois de outro modo, irá trazer deficiências nutritivas.
Ao se reflectir sobre o assunto com algum sentido crítico, observa-se que uma das nações com mais vegetarianos, a Índia, não inclui na sua cozinha tofu ou seitan e é fácil de verificar isto observando a ementa de um restaurante indiano.
Portanto quando se muda de alimentação, não há necessidade de ficar obcecado com tais alimentos.

segunda-feira, outubro 11, 2010

Sobre a fertilidade


É interessante notar que:
(1) a menarca (primeira menstruação) acontece cada vez mais cedo
(2) as mulheres cada vez tem filhos mais tarde
(3) as taxas de infertilidade, ou seja, um casal conseguir fazer um filho são cada vez mais maiores

(4) Isto numa realidade em que a partir dos 28 anos, a probabilidade de as crianças nascerem com deficiências aumenta.

Estas informações não são analisadas propositadamente, ficando ao critério do leitor, reflectir, analisar, pensar e fazer as suas próprias teorias sobre o assunto.

Referências:
(1) PADEZ, C; ROCHA, M A, Age at menarche in Coimbra (Portugal) school girls: a note on the secular changes, Annals of Human Biology, Sept-Oct 2003, 30 (5), 622-632
(2) PORDATA acedido a 11-10-2010
(3) FIALHO, Djalita, A reforma do dividendo populacional Consequências económicas e sociais do envelhecimento da população, SOCIUS Working Papers no 10/2006

domingo, outubro 10, 2010

A decadência da educação


Granny Mara - Baba Mara
Originally uploaded by fotogolub
No sistema educativo, pede-se aos alunos que façam pesquisas na internet, mas nunca se lhes pede que interajam com o saber dos avós.

Natália Pires, na Revista Cais de Junho de 2010

domingo, outubro 03, 2010

O paradoxo alimentar americano


Nozes
Originally uploaded by Amendoas
Nos EUA, as nozes, por mais fundamento científico que tenham, para serem comercializadas com as vantagens que lhe são inerentes por exemplo que ajudam a reduzir o mau colesterol (colesterol LDL), são classificadas como medicamentos.

Até se pode perceber alguma lógica por detrás disso mas se as nozes não podem ser comercializadas assim, porque é a Frito-Lay (a matutano americana) pode afirmar que o consumo das suas batatas ajuda a manter um bom nível de bom colesterol (o colesterol HDL)?

Fonte: http://www.lef.org/featured-articles/FDA-Says-Walnuts-Are-Illegal-Drugs.htm

quinta-feira, setembro 30, 2010

O ex-ministro das Finanças diz ser inevitável mais medidas de austeridade


The Poorest of the Poor
Originally uploaded by Ben Heine
Ora aqui temos mais um lunático. O Estado em que o país está é um problema de governo, ou seja.

1. Não temos o governo adequado para gerir o país


Nem nunca tivemos pois se alguma vez o país tivesse sido governado por dirigentes sãos, Portugal não estaria afundado como está. Uma das formas de ver isto é a ausência de estímulos a que os Portugueses invistam na sua formação, pois se mais portugueses se educassem através de instituições de ensino públicas, os sucessivos governos dificilmente seriam eleitos, ou no mínimo haveria um parlamento mais equilibrado e mais portugueses com capacidade críticas.

2. As medidas de austeridade não são justas


Pois os pobres ficam ainda com menos rendimento disponível, o IRS na fonte fez com que menos rendimento estivesse disponível, o IVA muito provavelmente vai aumentar, o corte de subsídios afecta apenas os que pouco têm, pois eram estes a quem os benefícios faziam diferença, o preço dos alimentos vai aumentar, ou seja menos dinheiro disponível para as pessoas que pouco têm.

Porque é que os Governos não se lembram de simplificar os serviços públicos? Não se sabe actualmente o colosso de chefias que existe nos comboios, a injustificável frota de automóveis nas águas, investimentos sem sentido na actual conjuntura como o TGV e o investimento desperdiçado na energia eólica? Então e aqui não são necessárias medidas de austeridade? È que estes serviços têm de continuar públicos!

quarta-feira, setembro 29, 2010

Porque é Chavez tão noticiado?

De todos os chefes de governo, Obama é, sem sombra de dúvida, o mais conhecido, o segundo mais falado nas nações fora dos EUA é o chefe do governo do próprio país, ou seja em Portugal, Sócrates, em Espanha, Zapatero, no Reino Unido, Gordon Brown, França, Sarkozy, Alemanha, A. Merkel.

Tendo em conta a contribuição de alguns países para a economia mundial faria sentido falar no chefe do governo do Japão, da China e eventualmente na Índia.

Onde se encontra Chávez no meio disto tudo? Porque é que o homem tem tanta publicidade? É que o foco não é no país, nem na eventual miséria que há por lá, o foco é no homem e apenas nele, talvez devido ao petróleo, talvez porque a implementação das medidas na sociedade venezuelana iria cair muito mal nos ouvidos do povo da sociedade ocidental. Não defendo o homem, nem o abomino mas não faz sentido ele ter tanto holofote em cima.

domingo, setembro 26, 2010

Longa vida ao sedentarismo

O Complexo Desportivo do Jamor (CDJ) promove o desporto no seu complexo, o que não faz sentido, pois o CDJ é do Estado e como tal deveria promover o desporto aos portugueses, e portanto não faz sentido promover o desporto no complexo desportivo, pois os utentes já são desportistas!

Ou seja gasta-se dinheiro para nada e, os portugueses com cada vez mais problemas de saúde, continuam sedentários e expostos a publicidade altamente eficaz que promove: a utilização da internet, pegar no comando para saltar de série em série e alimentação pouco saudável.

Enquanto isto se desenrola, o sistema nacional de saúde enterra-se a olhos vistos. Diz-se que a responsabilidade também recai sobre as próprias pessoas e não apenas à indústria e ao Governo. Perfeitamente válido numa situação em que se criem condições e incentivos para que as pessoas se possam informar, estudar e manterem-se educadas de forma livre.

domingo, setembro 19, 2010

Sinistralidade nas auto-estradas da Brisa

Originally uploaded by Amendoas
Chegado à portagem, deparo-me com a ausência de um portageiro, de repente ouve-se uma voz do além a dizer: faça o pagamento, introduza as moedas. Obrigado e boa viagem, a cancela levanta e tu segues viagem.

Cada vez mais o atendimento ao público é substituído por máquinas, máquinas sinistras que dizem sempre o mesmo, no mesmo tom de voz, com a mesma alegria, sem cara, sem uma existência, sem vida. Na verdade até pode ser que dada a evolução tecnológica a voz tenha sido produzida inteiramente de forma digital.

É triste e, embora muitas das pessoas não tenham o mínimo de profissionalismo, é mais frequente ver sorrisos e expressões humanas e fazer pequenas conversas. Viva o atendimento humano!

segunda-feira, setembro 13, 2010

Posts que valem a pena


Autumn Colors
Originally uploaded by Indy Kethdy
Hoje em dia, os alimentos são iguais o ano inteiro, vindos de todas as partes do globo, o ar é condicionado, não temos ar incondicional, mas engarrafado...

O texto completo encontras aqui:
http://gaia-yogaeecologia.blogspot.com/2010/09/blog-post.html

domingo, setembro 12, 2010

Partos em casa


Newborn (2 of 5)
Originally uploaded by Liam Wilde
Foi publicada uma notícia no Expressso que pode ser encontrada aqui, sobre partos em casa. Como muitas das notícias, esta é uma notícia extremamente enviesada: desacreditar os partos em casa e promove medos nas futuras mães e pais aproveitando um assunto tão delicado.

Também já observei este tipo de atitude em medias estrangeiros, mas na altura não considerei relevante comentar pois tratava-se de uma realidade fora de Portugal.
Não venho, aqui refutar a notícia de forma alguma, embora conheça várias mães que tiveram os filhos em ambiente familiar em Portugal e em países menos desenvolvidos cujos partos correram bem.

Por fim, o que pretendo realçar, é que sobre um artigo completamente desequilibrado que aborda partos em casa, a opinião de pessoas experientes na área ocupa apenas um miserável parágrafo no fim de tanta desacreditação, pois nem se quer é abordada a experiência das mães que tiveram os partos nos seus lares, as suas razões e as suas incertezas.

Sendo assim, a notícia serviu para esclarecer? Não, pois apenas serviu para acentuar medos nas pessoas e por ainda mais gente contra esta alternativa.

Sobre partos em casa: www.doulasdeportugal.org

As auditoras do PSI20 em 2009



Em 2009, o PSI20, embora dominado pelas multinacionais de auditoria, há ainda uma resistente que é a REN auditada por uma SROC portuguesa. A Ersnt & Young continua de fora do principal índice português e, em termos de proporções a Deloitte audita 45% do PSI 20, a PwC 30% e a KPMG 20%.

É de notar também que a PwC é a única que, para além da auditoria faz sempre a emissão da CLC no PSI20, enquanto que na KPMG e a Deloitte isso nem sempre acontece.

Por fim é de notar que, para as 15 sociedades que divulgaram a informação sobre os honorários pagos às auditoras os mesmos totalizaram €24 milhões.

terça-feira, setembro 07, 2010

A batalha do leite cru no EUA


Milk and Cookies
Originally uploaded by nickwheeleroz
Nos media americanos tem havido muito barulho sobre o leite cru, pois tem havido uma corrente suficientemente grande para o assunto aparecer nos jornais.

O barulho sobre o assunto quer, basicamente por inúmeras restrições sobre a comercialização do mesmo e, como em tudo neste planeta, a razão prende-se com o dinheiro.

O leite pasteurizado, homogeneizado e empacotado é vendido por poucas grandes empresas, ou seja, gera muitos milhares de milhões de $ para um número reduzido de organizações.

O comércio de leite fresco, pelo contrário é vendido por pequenas produções dadas as medidas de segurança adicionais que têm de ser implementadas e pelos vistos este comércio está a crescer de tal forma que começa a ter impacto nas vendas do leite empacotado.

É importante notar também que qualquer problema que se venha a verificar no leite fresco, vai ser amplamente magnificado pelo meios de comunicações americanos em prol da indústria leiteira.

http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=raw-milk-debate

sábado, setembro 04, 2010

Preço do Pão: 7 mortos e 288 feridos


Bread Toasts
Originally uploaded by FrancoisRoche
Em Portugal, um pão custa €0.15, em Moçambique já vai nos 7 mortos e 288 feridos (1). O comércio dos alimentos a nível mundial continua a adquirir contornos cada vez mais preocupantes não apenas devido às crescentes classes médias nos países emergentes como o Brasil e a China, mas também das políticas dos governos ocidentais em se alimentarem através de importações ao invés de promoverem o desenvolvimento da agricultura nacional, ainda para mais com tantas pessoas sem emprego e com terrenos sem produção e, também da política de insistirem em NÃO promover alimentações em que se reduza o consumo de carne. A acrescentar a isto temos ainda o elevado desperdício alimentar por parte dos grandes retalhistas e ainda a especulação em torno das commodities alimentares, ou seja há muita gente a ganhar dinheiro com a variação do preço dos alimentos enquanto outros não têm comida no prato (2).
O cenário fica ainda menos agradável quando se observa o efeito nefasto da especialização agrícola em que quebras na produção de um país tem repercussões no mundo inteiro – caso dos incêndios na Rússia e o impacto no preço do trigo.
A acrescentar a isto teremos a crescente escalada no preço do petróleo, que tem impacto no preço dos bens alimentares pois os alimentos são transportados de lugares tão longínquos como a Nova Zelândia.
Observa-se também uma crescente escassez de recursos hídricos (3) com a cada vez maior incerteza das condições climáticas que afectam as colheitas e conte-se ainda com a perda de competências no ramo agrícola nos países industrializados, pois as gerações mais velhas não tem vindo a ser substituídas.
Posto este cenário a verdade é que os governos, as grandes empresas mundiais e outras instituições de âmbito global como a FAO, já sabem que o alimento vai rarear cada vez mais na boca das populações e, face a isto todas as pessoas que ocupam cargos de alta responsabilidade simplesmente estão a deixar a situação desenrolar sem agir, o que é deveras preocupante mas compreensível, pois a tais pessoas dificilmente irá faltar pão na boca.
Como se já se pode ver actualmente, através do caso moçambicano, a forma como os governos e a ONU (a FAO é uma organização na estrutura da ONU) vão lidar com a manifestação das populações é repressão através da autoridade ao invés de alimentar as barrigas famintas.
Por outro lado é importante não esquecer que todo este cenário, para além de engordar os lucros dos especuladores financeiros da banca de investimento, é extremamente favorável à introdução de alimentos geneticamente modificados – os transgénicos, os quais continuam a carecer de estudos sérios e credíveis sobre a sua segurança.

(1) http://www.ionline.pt/conteudo/76592-mocambique-revolta-sem-organizacao-deixa-o-pais-em-suspenso
(2) http://www.theecologist.org/News/news_round_up/542538/goldman_sachs_makes_1_billion_profit_on_food_price_speculation.html
(3) http://www.smh.com.au/environment/water-issues/liquid-gold-20100903-14ueu.html

domingo, agosto 08, 2010

O accionista fantasma

O director geral tem de remunerar os accionistas, porque o accionista que é o dono da empresa, contratou uma equipa de gestão profissional, onde está incluído o director geral, para gerar dinheiro para si. Mas então quem são os donos das empresas de hoje? Quais são os problemas que se levantam decorrentes de não saber quem são os donos das empresas?

Hoje em dia, não há donos de empresas, ou seja os directores gerais trabalham apenas para si próprios e na prática pelas más condutas de uma empresa não há ninguém responsável, pois os directores gerais depois de destruírem seriamente ecossistemas e comunidades, ainda saem das empresas com benefícios surrealmente milionários.

A não existência de donos das empresas prende-se com o facto de que as posições de controlo das empresas são detidas por empresas, que são detidas por empresas e por aí em diante o que faz com que, hoje em dia, não existam accionistas e portanto não há ninguém verdadeiramente interessado no futuro das empresas, uma vez que inclusivamente os gestores só estão interessados pelos no crescimento da mesma nos períodos em que os seus mandatos duram e talvez nem isso pois sabem que se saírem, saem com números compridos nas suas contas bancárias.

Se este conceito não ficou muito claro, então imagine que queria jantar com os donos da Telefónica, ou seja aqueles que tem poder para definir o futuro da Portugal Telecom, ia jantar com os representantes da BlackRock, da Telefonica, do Deutsche Bank, do Barclays e da Telefonica? Representantes não são donos, são representantes, pois os donos não existem e por isso é que, por mais que quiséssemos, actualmente os donos jamais iriam aparecer.

Desta forma vale tudo desde destruir o planeta, destruir comunidades, arrasar com o comércio local, com o único intuito de gerar alguns números para por nos bolsos da gestão actual pois quem é que tem interesse que a empresa, persista no tempo, uma vez que nem aos gestores lhes são atribuídas as responsabilidades devidas, sendo que responsabilidades são atribuídas a algo tão fictício com uma empresa?

quinta-feira, agosto 05, 2010

Alimentação original precisa-se

Recentemente, vi um restaurante tipicamente conhecido pelos seus bifes introduzir uma opção vegetariana à base de seitan o que, só por si é muito bom pois permite deixar todos satisfeitos.

Esta inovação leva-me a reflectir que, os neo-vegetarianos possam trazer os mesmos erros que uma alimentação não vegetariana já por si tem uma vez que, uma refeição de bife com arroz e batata frita ou salsicha com esparguete, será tão pouco equilibrada substituindo as carnes pelas suas "versões" vegetarianas.

Ambas as refeições estão desequilibrados, e remeto o leitor para uma reflexão séria quer seja vegetariano ou não, sobre o equilíbrio que quer ter no prato, pois é esse equilíbrio que podemos escolher ter à mesa que vai deixar as nossas células saudáveis, uma vez que é o do alimento que entra pela boca que as nossas células, os nossos tecidos, o nosso corpo físico é feito.
Bom apetite!

sexta-feira, julho 30, 2010

Hora de bronze!


Sun Bathing at Bahamas
Originally uploaded by veronikaa
Na lista das melhores razões pelas quais vale a pena vir a Portugal, estão o Sol e a longa e bonita costa nacional com a característica diversidade de praias.
É na altura estival que muitos portugueses, aliciados pelas elevadas temperaturas estendem as suas toalhas no areal e se tostam de um lado e do outro produzindo bonitos bronzeados ou então valentes escaldões. Estes últimos resultam apenas do descuido do veraneante, e pode, ser percursor do cancro da pele(1), a qual é uma situação muito delicada e deduzo que, por essa razão, seja aconselhável não estar na praia nas horas de maior calor.
Não obstante, o veraneante que gosta de estar na praia o dia todo pode optar por ser mais cauteloso, por exemplo vestindo-se, molhando-se para baixar a temperatura da pele, enterrando-se na areia ou aproveitando a sombra do chapéu de Sol evitando assim os inconvenientes da excessiva exposição solar.
Portanto, toca a aproveitar a costa portuguesa, reflectindo seriamente sobre as precauções a ter aquando da exposição à deste belo astro nestes irresistíveis dias de Verão!

(1)http://www.min-saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/doencas/doencas+de+pele/cancrodapele.htm

quarta-feira, julho 28, 2010

Diversidade cultural


ethnic group
Originally uploaded by fanboyk
Considero que a humanidade tem uma diversidade cultural espectacular e isso inclui nomeadamente a cultura portuguesa, com os seus bailaricos tradicionais, a sua alimentação tradicional, a sua forma de estar em família entre outros. Contudo como é cada vez mais raro, por exemplo ter as três características referidas anteriormente, presentes de forma constante no quotidiano, a “cultura” mainstream que temos é: maioria de músicas ouvidas americanas, maioria de filmes e séries americanas, a língua que nos entretêm é a americana, as pessoas que nos entretêm são as americanas.
Não percebo, por exemplo, porque raramente se ouve português, ou outras línguas pois tenho constatado empiricamente que aquilo que a maioria segue, todos acabam por seguir porque será bom, e isto leva a que cada vez mais as culturas autóctones vão desaparecendo pois o mundo vai girando em torno da “cultura” americana e isto não é que esses filmes e músicas sejam bons, pois embora hajam, também vemos os que não valem um chavo.
Um exemplo muito recente deste tipo de transferência cultural, foi a proposta da criação do feriado do Dia da Família que não é mais que o Boxing Day da cultura anglo-saxónica.
Algo muito bom, seria promover a cultura portuguesa sem deixar de ter exposição à “cultura” americana, mas ter também exposição a outras bonitas culturas mundiais, pela diversidade da Humanidade!

domingo, julho 25, 2010

Surya namaskar – a saudação ao Sol


calesuore
Originally uploaded by Rita Taraborelli
Surya namaskar é uma sequência muito conhecida pelos praticantes de yoga a qual trabalha diferentes partes do corpo sendo, por exemplo, muito bom para despertar, pois proporciona os bons alongamentos de bhujangasana e adho mukha svanasana os quais fazem com que consigamos espreguiçar-nos completamente, removendo assim a letargia matinal. Observe-se, por exemplo, um gato ou um cão, quando se levantam da sua sesta.

Embora, tenhamos toda a liberdade para adicionar e reitrar posturas em surya namaskar, a sequência tem 12 posturas, que podemos acompanhar pelo seguinte mantra(1):
1. Om mitráya namah, saudação ao amigo de todos;
2. Om raváye namah, saudação àquele que brilha:
3. Om súryáya namah, saudação àquele que gera actividade;
4. Om bhánave namah, saudação àquele que ilumina;
5. Om khagáya namah, saudação àquele que se move rapidamente no céu;
6. Om pushne namah, saudação àquele que dá força e alimenta;
7. Om hiranyagarbháya namah, saudação àquele do ventre dourado;
8. Om máricháye namah, saudação ao senhor do entardecer;
9. Om ádityáya namah; saudação ao filho de áditi, a mãe cósmica;
10. Om sávitre namah, saudação ao poder estimulante do sol;
11. Om árkáya namah, saudação àquele que é digno de ser reverenciado;
12. Om bháskaráya namah, saudação àquele que leva à iluminação.

As variações mais difundidas desta saudação, são a A e B do Asthanga Vinyasa Yoga, de Pathabi Jois (com saltos) e a variante clássica (sem saltos). Assim temos, do mais fácil para o exigente
Surya namaskar clássico
Surya namaskar A, a qual é exigente para os braços (do Asthanga Vinyasa Yoga)
Surya namaskar B, exigente para braços e pernas (do Asthanga Vinyasa Yoga)

As vantagens desta prática, estudadas cientificamente, prendem-se com a manutenção ou melhoria do desempenho cardiorespiratório e promoção do controlo de peso (2), e já foi considerada também um exercício aeróbico ideal pois Surya Namaskar tem alongamentos estáticos e uma componente dinâmica que é feita de forma lenta, proporcionando assim um nível de stress óptimo para o sistema cardiorespiratório (3)

Nas celebrações do solstício de Verão nos EUA, fazem-se 108 repetições (4) (5), pois este número representa a distância, em diâmetros solares, entre a terra e o Sol (6) e, sobre o seu significado ou sobre o seu simbolismo, especulo eu, que cada sequência seja um passo em direcção ao Sol, que representaria então a iluminação.

Por fim gostaria apenas de ressalvar que em Surya Namaskar A/B é importante ter atenção o estado do tornozelo, para a realização dos saltos e, o importante é praticar!

Fontes:
(1) O mantra foi retirado de http://www.dharmabindu.com/?l=pt&p=pratica&id=335
(2) MODY, Bhavesh Surendra, 2010, Acute effects of Surya Namaskar on the cardiovascular & metabolic system, Journal of Bodywork and Movement Therapies
(3) SINHA B, Ray US, PATHAK A, SELVAMURTHY W, 2004, Energy cost and cardiorespiratory changes during the practice of Surya Namaskar. Indian J Physiol Pharmacol, 48(2):184-90.
(4) http://2ndstartotherightyoga.wordpress.com/2010/06/16/celebrate-summer-solstice-with-sun-salutations/
(5)http://thejoyofyoga.blogspot.com/2010/06/summer-solstice-108-sun-salutations.html
(6) KUPFER, Pedro, 1997, A História do Yoga, 2ª edição, Edições Dharma, pp 85

domingo, julho 11, 2010

Estágio não remunerado

É uma falta de respeito por parte das organizações com fins lucrativos estarem à procura de colaboradores recém-licenciados sem os remunerar, visto que os mesmos acabam por gerar valor para organização.

Completar uma licenciatura é um trabalho exigente e trás muitas aprendizagens não apenas de conhecimento como de interacção com colegas, com professores e com as outras pessoas da faculdade, gera também uma capacidade de reflexão muito interessante e no fim a licenciatura mais do que um mero diploma, é um atestado de pessoa que sabe aprender por si própria. Desta forma o jovem recém-licenciado reúne características tais que o trabalho que executa, gera benefícios económicos e parece-me justo ser remunerada pelo trabalho que faz

Outro dos ultrajes ou da postura que também considero ser uma ofensa para os recém licenciados são os estágios a €400 uma vez que, cada hora de trabalho valem então €2,27 e, tendo em conta que existem trabalhos que não exigem formação superior e cada hora é paga a €5, as empresas que fazem este tipo de oferta, tal como as que propõem estágios não remunerados, são organizações sem vergonha nenhuma.

quarta-feira, julho 07, 2010

A sopa da Ministra da Doença

A proposta da Ministra da Doença, Ana Jorge é de tal forma demagógica que eu considero ser ridícula, pela simples razão que o apelo que ela fez: “é necessário modificar os comportamentos alimentares e de sedentarismo que as pessoas estão a ter em Portugal” ser um tiro no escuro, porque fazem-se este tipo de declarações mas permite-se que a publicidade de alimentos pouco saudáveis seja feita de forma completamente liberal, e portanto é este tipo de comida que as pessoas acabam por se lembrar que existe e esquecem-se do resto

Ligue-se a televisão, o jornal, as revistas, os mupis e atente-se à publicidade que por lá passa. Já alguma vimos campanhas de promoção do consumo de frutas, legumes e sopas de forma duradoura e criativa? E já agora, o fast-food no curto prazo, que é o prazo em que as sociedades ocidentais funcionam, será mesmo mais caro do que fazer sopa em casa?

Fonte: http://economico.sapo.pt/noticias/ana-jorge-apela-aos-portugueses-para-fazerem-sopa-em-casa_93640.html (acedido a 06.07.2010)

domingo, julho 04, 2010

Os novos rurais


Geres
Originally uploaded by Amendoas
O êxodo rural, motivado pela árdua vida campestre, foi seduzido pelas promessas de uma vida melhor no seio da cidade, tornando as zonas rurais espaços fantasmas ou então locais muito envelhecidos. No entanto, o que se vê nos dias de hoje é uma árdua vida citadina e os empregos tal como os do campo, são de baixo salário, o tempo escasseia havendo ainda menos do que no campo pois as novas tecnologias permitem tornar as pessoas robots e trabalhar o dia inteiro, com o recurso à Internet e ao telemóvel que tem de estar ligado 24 horas. A acrescer a isto há ainda o stress e a velocidade vertiginosa com que se vive na cidade, o tempo que não há para brincar com as crianças, a desconfiança que se sente em relação a toda a gente.

Assim, agora que a cidade tem o que motivou o êxodo rural, a ruralidade sobressai, pela velocidade do estilo de vida que lhe é característico, pela ausência de stress e de tantos perigos que há na cidade, pela presença permanente da natureza, por se poder contar com as pessoas e, a pouco e pouco, cada vez mais com maior intensidade iremos fazer parte do êxodo urbano!

Se despertar o interesse, dá um pouco da tua atenção ao documentário que passou na RTP:

domingo, junho 27, 2010

Retroreflexões sobre Yoga IV


857.
Originally uploaded by Opus104
Os acessórios do yoga
Props, cintos, tapetes e bolsters são acessórios muito utilizados na prática do Yoga. Já me questionei se é correcta a utilização dos mesmos uma vez que os yoguins, quanto muito terão usado um tapete, embora mais largo que os actuais e, o anti-derrapante seria com certeza, diferente dos de hoje em dia se bem que, na verdade, o chão por si só era também diferente.

Acabei por chegar à conclusão que na verdade, os acessórios do yoga, estão perfeitamente adaptados à condição física dos sedentários de hoje em dia e que permite até evitar lesões aos mais atrevidos e que o saco do tapete é essencial pois a prática é para ser feita também em casa e não apenas nas aulas.

Para os mais puristas, que nem tapetes querem, existem os estilosos paws anti-derrapantes para pés e mãos! Mas como é que depois se faz Shavasana e outras posturas no chão?

http://www.yoga-equipment-store.com/index.php

sexta-feira, junho 18, 2010

E continua a viagem.....


E continua a viagem.....
Originally uploaded by Dircinha -
Três meses podem passar num instante e, os mesmos três meses, podem demorar mais tempo a passar do que um ano inteiro. A noção do tempo é muito relativa pois quando se está apaixonado, o tempo com a pessoa amada é sempre curto mas, quem espera por um autocarro da Carris, desespera.
Uma viagem feita para um dado lugar do planeta, pode durar simplesmente esse tempo da viagem e, por mais curto que seja esse tempo, essa viagem pode também durar uma vida inteira.
Frequentemente isso acontecerá, porque a viagem marcou a vida da pessoa trazendo aprendizagens de tal forma relevantes que integraram a forma como o viajante encara a vida e, por consequência a viagem está sempre a ser recordada até ao fim da viagem da vida.
Assim é interessante cruzarmo-nos com pessoas que dizem ter feito uma viagem de um mês, quando na verdade parece que essas viagens ainda estão bem longe do seu fim!

sábado, junho 12, 2010

Retroreflexões sobre Yoga III


savasana, edita
Originally uploaded by Dashamagordon
Savasana – a (díficil) postura do morto
Savasana é, das posturas mais descuradas na prática do yoga. Assumida como de fácil execução, tende a ser esquecida tanto pelo professor, como pelo praticante pois, se por um lado o professor facilmente deixa de sugerir que o praticante se mantenha consciente, por outro é muito comum ouvir uma turma de praticantes a ressonar como uma orquestra sinfónica. No verso 34 do Hatha Yoga Pradipika, Savasana é descrita da seguinte forma:

Deitar no chão, como um defunto, designa-se por Savasana. Esta postura remove a fadiga e dá descanso à mente.

Tudo o resto, como a adição de visualizações e respirações será então adição recente, talvez para facilitar a consciência na postura o que é muito bom mas, devido ao estilo de vida alucinante, é recorrente existirem sempre pessoas a dormir.

Savasana, na minha percepção, é uma postura extraordinária para escutar o corpo e senti-lo relaxar e bem assim, relaxar a mente, fazendo igualmente um esforço para manter a consciência, quer através das visualizações, das respirações e/ou de estar atento às sensações do corpo. E é por isto que Savasana se torna das posturas mais exigentes, porque se em Adho Mukha Svanasana é possível sentir as costas esticar, colocando então aí a nossa atenção, Savasana é das posturas mais complicadas para manter o foco.

domingo, maio 23, 2010

Retroreflexões sobre Yoga II


Finding peace
Originally uploaded by lululemon athletica
Yoga em busca mesmo de quê? (Parte II)
Para além das asanas, as quais por vezes tenho alguma dificuldade em as chamar assim pois torna-se complicado distingui-las de outros exercícios físicos, surge o yoga como panaceia para o stress da sociedade ocidental para proporcionar tranquilidade, aliviar o stress e reduzir a ansiedade.

A verdade é que funciona, a pessoa pára, respira (que é crucial para que as técnicas funcionem), a prática é adaptada de forma a não ser fisicamente tão exigente e no fim a pessoa adormece na (verdadeiramente difícil) postura shavasana.

Mas o yoga é isto? Por exemplo, não seria mais útil adoptar um estilo de vida menos stressante, em vez de estar constantemente a oscilar entre stress, relaxamento, stress e relaxamento?

domingo, maio 16, 2010

Retroreflexões sobre Yoga I


upwards dog?
Originally uploaded by lomokev
Yoga em busca mesmo de quê? (Parte I)
Tenho a ideia de já ter lido em diversos sítios que a difusão do yoga no ocidente está relacionada com a procura que os ocidentais fazem de forma a se encontrarem consigo próprios, de descobrir a espiritualidade ou simplesmente encontrar um rumo para a vida que vá para além da filosofia materialista tão premente no hemisfério norte.

Na verdade, tenho a percepção que a difusão do yoga está bem afastada daquilo que é a sua proposta (o encontro do ser) e que, a sua enorme difusão prende-se com o facto de ser mais uma forma de satisfazer a obsessão pela imagem corporal tão premente no ocidente, até porque a prática mais difundida é a física, as asanas que acabam por serem conhecidas como yoga.

As asanas são uma forma extraordinária de satisfazer as necessidades do mercado ocidental, por diferentes razões: são maravilhosamente belas, as pessoas sentem o corpo quando estão nas posturas, tonificam os músculos e são progressivas, isto é, a prática começa com posturas simples (adaptado portanto a pessoas sedentárias) e, à medida que a prática destas vai sendo melhorada, parte-se para a execução das posturas mais exigentes, ou seja, há um caminho que já está delineado, dando assim um sentimento de segurança que faz com que o praticante acabe por ter incentivo ao sentir o progresso na sua prática.

Mas o yoga é só isto? De facto será isto o yoga? Qual será então a diferença entre asanas e os exercícios de ginásio e fitness?

domingo, maio 09, 2010

Falta comida no prato


Extreme diet
Originally uploaded by Joan Vicent Cantó
Quando o preço do combustível aumenta, as preocupações limitam-se aos transportes quer seja através do depósito do carro, ou do passe social, só que as implicações do preço do combustível influem nas vidas das pessoas de uma forma muito mais alargada do que o nosso transporte.
Pode-se em boa verdade, dizer que o petróleo foi o motor das sociedades desenvolvidas e continua a ter esse papel como se vê claramente no artigo da wikipédia.

Petroleum is vital to many industries, and is of importance to the maintenance of industrial civilization itself, and thus is a critical concern for many nations. (1)

O petróleo está presente no tubo da pasta de dentes, no saco do supermercado, no plástico do telemóvel, no cartão Multibanco, na garrafa de água, no champô, nos assentos dos automóveis, nos pesticidas dos alimentos. Contudo, o baixo preço a que o petróleo tem sido transaccionado ao longo das últimas décadas, é o que tem possibilitado, asfixiar a agricultura nacional e é por isso, que hoje, é mais barato, comer em Portugal uvas que foram colhidas no Chile, espinafres que voam da Nova Zelândia, bananas que voam do Equador, arroz que voa da Tailândia.

Mas, se o preço do petróleo não baixar vamos comer o quê?

(1) - http://en.wikipedia.org/wiki/Petroleum_industry

segunda-feira, maio 03, 2010

Trilhando um caminho em Yoga


Dancer Pose
Originally uploaded by Tim Bermingham
A primeira pedra no caminho do yoga é moksa, um desejo sincero pela liberação.
Depois de desperto este desejo, começa o trabalho, o qual por simplicidade, pode ser feito a partir do que os antepassados deixaram como legado para as gerações vindouras ao invés de criar confusões novas.

Se pegarmos nos Yoga Sutras de Patanjali, no verso 2.29, o primeiro componente do yoga é Yama que poderá ser traduzido como autocontrole. O próprio Yama é composto por cinco componentes sendo o primeiro, Ahimsa. Desta forma, Ahimsa será então o primeiro degrau do caminho do Yoga.

O que Patanjali nos diz sobre Ahimsa, que pode ser traduzido como não violência, é apenas que este é o primeiro passo, e assim, tudo o mais que se diz sobre Ahimsa deriva de interpretações de pessoas com grande capacidade argumentativa ou óptimos escritores cujos textos, na verdade até podem ser úteis para ajudar a acolher Ahimsa.no caminho.

Ahimsa aplicado de forma permanente na vida do caminhante, deriva de uma capacidade de reflexão, implementação e consciência extraordinária que é única e customizada para cada caminhante..

segunda-feira, abril 19, 2010

Como é que é possível

Como é que é possível que hajam mais pessoas que sabem o que é a Opel, que saibam quem é Hannah Montana, que conhecem o iPod e já ouviram falar no iPad e que sabem que existem filmes 3D mas não sabem o que é um OGM, um PPR, homeopatia ou acunpuctura?

domingo, abril 04, 2010

A importância da permanência em asana


Sari
Originally uploaded by Sami Taipale
Asana refere-se a estabilidade na postura, e é uma das componentes que se procura desenvolver no trabalho do yoga. Contudo é fácil constatar que a estabilidade no asana é uma etapa que exige muito tempo e trabalho e portanto a um determinado ponto da prática, será útil reflectir sobre a importância desse trabalho de forma a compreender se a dedicação de tempo à prática vai de encontro aos objectivos, prolongando assim o trabalho ou mudando para outra actividade.

Na prática à qual me tenho dedicado, verifico que ao trabalhar a estabilidade do asana, há um grande foco na respiração e na atenção que se coloca na parte do corpo que se está a trabalhar, permitindo assim, com o passar do tempo, aumentar à atenção aos sinais que o corpo constantemente oferece e aos quais normalmente não são dados a devida atenção. Por outro lado, o foco na respiração permite acalmar muito do turbilhão de pensamentos que passa na mente e esta é também uma parte essencial, pois sem o trabalho correcto da respiração é muito exigente trabalhar a permanência da postura, pois é esta componente que ajuda a foca e a ultrapassar a barreira do desconforto que por vezes surge o que acaba por permitir um esvair dos pensamentos e atenção adequada.

Com o desenvolvimento deste trabalho físico de atenção no corpo, o mesmo permitirá gradualmente o trabalho mais subtil da parte psicológica que, por ainda não conseguir compreender bem do que se trata ainda não o consigo expor. No entanto o trabalho do asana, depois da parte física estar adequadamente trabalhada permitirá começar a dar então espaço para que se possa dedicar atenção às emoções, com um pensamento mais lúcido, pois a respiração então já estará mais bem trabalhada

domingo, março 28, 2010

O homem deve ser como uma espada

O homem deve ser como uma espada, o seu corpo deve ser como a bainha. Um dia chegará a morrer e a alma deve sair do corpo cantando, luminosa como a lâmina de uma espada. E então a bainha ficará vazia e inútil, e será deitada à terra; mas a espada, o pedaço de luz das estrelas que ficou aprisionada na terra, voltará às estrelas
No O Reino da Massa, Stjepan Palajsa

domingo, março 14, 2010

OGM fora!


french fries
Originally uploaded by boonkit
Em Novembro, já aqui tinha feito uma primeira abordagem aos transgénicos, só que, desde então, já o assunto de desenvolveu com contornos preocupantes.

Primeiro, o actual Ministro da Agricultura, António Serrano, já se mostrou favorável à introdução (1) dos OGM em Portugal, se bem que, na verdade estas matérias são decididas pela União Europeia e portanto os países por si acabam, por não ter poder sobre as decisões no seu próprio território (estranho? sim? Não, não me enganei).

Segundo, o Ministro da Agricultura, não percebe nada de Agricultura, a sua formação é Gestão, sendo docente da área na Universidade de Évora (2) e fora da universidade foi chairman no Hospital de Évora (3). Que tipo de perfis é que são colocados em cargos públicos, e com que objectivo?

Terceiro, na imprensa internacional, no inicio de Janeiro, no Times e Telegraph saíram três notícias a apoiar os OGM, sem qualquer argumento contra.

08 Janeiro – Telegraph 'Climate change resistant crops' move nearer after gene breakthrough

11 Janeiro – Telegraph GM crops to be planted in Britain again this year

13 Janeiro – Times Organic farmers must embrace GM crops if we are to feed the world, says scientist

Quarto, uma variedade de batata transgénica já foi aprovada para cultivo na Europa (4)

Quinto, nos EUA, já começou a ocorrer a manipulação do preço das sementes, conforme noticiado no New York Times (5). O problema da manipulação do preço das sementes é um assunto que já teve efeitos na Índia, como Vendana Shiva, líder do movimento indiano Navdanya, explica neste artigo. Isto significa que, gradualmente, o controlo do plantio dos alimentos, que actualmente está disperso por milhares de agricultores, vai ficando concentrado nas mãos de poucos, dando especial ênfase à Monsanto, Cargill, Syngenta, BASF e Bayer.

Por fim, não é de esquecer que os ganhos de produtividade decorrente dos cultivos transgénicos são uma falácia (6) e que a segurança para as pessoas e para o ambiente não pode ser aferida de forma independente pois os estudos que são feitos sobre estas culturas tem sempre de ser aprovados pelas multinacionais que facultam as sementes para os estudos (7), não sendo assim de estranhar que os estudos sejam sempre favoráveis. Atente-se ainda que a influência das multinacionais sobre estudos científicos revistos não se esgota na área da alimentação, pois há bem pouco tempo no New York Times foi publicado um artigo sobre a influência da indústria na área dos farmacêuticos

domingo, março 07, 2010

Uma sessão de Bootcamp Portugal


My Version of Exercise
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Tic, tac, tic, tac, domingo são 07:50. Acordo com o relógio a gritar:
– Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim – berra ele até eu o acalmar
– Está frio – avisa-me o meu corpo
– Sim, eu sei mas tens de te levantar, hoje há Bootcamp, vá upa diz a minha mente. Levanto-me.
– Bolas, está mesmo frio – queixa-se a mente – mas tem de ser, tem de ser.
Agora, no carro as mãos congelam e o stress aumenta, pois não quero chegar atrasado à aula, invariavelmente rodeada de árvores que pintam a paisagem de verde e castanho e pelos jogadores de futebol que ainda foram mais agraciados que eu, pelo frio matinal.
Quando estaciono o carro, já lá está o instrutor a preparar o terreno com pinos cor de laranja a destoar a relva verdejante e com a corda que eu tive o prazer de conhecer no primeiro treino.
Saio do carro e vejo mais um bootcamper: o Martins que já lá está desde o inicio, seguido do Martins Jr.
– Bom dia – diz o Tomé, e vê-se o Luís a chegar, mesmo à hora que o relógio silenciosamente diz serem 9:00 – vamos começar.
– Hoje, vamos correr?
– Não, hoje ficamos por aqui.
Gelados pelas baixas temperaturas que se fazem sentir dias antes do Carnaval, começa mais um treino de Bootcamp, no Parque Urbano do Jamor.

– Vá, mãos nos bolsos – mãos nos bolsos? Pergunto-me eu, afinal, isto hoje até está bonito – para a frente, e para trás – bom, isto hoje até começa calminho, muito calminho.
Tomé, é um dos instrutores de Bootcamp, o primeiro que conheci, e está actualmente no activo, na Marinha portuguesa. Já se dedicou à fotografia, sobretudo a focar insectos e já esteve em missão em Timor. Aqui nas aulas de Bootcamp, uma das marcas com que fiquei da primeira aula foi que ele gosta muito de dois números: o um e o sete. Não sabia é que ele gosta também de outros números como o zero mas, sobretudo ele aprecia é ouvir-nos contar, a contar a partir do zero claro. Nesta aula, estava eu prestes a descobrir por um lado, que por mais concentrado que o instrutor esteja, às vezes engana-se na contagem e volta ao início, por outro que ele também gosta de outros números como o um e o dois.
- Posição um, cá em cima, posição dois, posição da prancha, entendido?
De assobio na mão lá vamos nós alternando ao som do apito do um para o dois, do dois para o um mas o frio, esse amigo, continua à nossa volta a gelar os nossos tendões e, eu penso em cobertores e que sou louco. Não só eu mas também os meus colegas por largarmos a cama antes das nove da manhã, para nos virmos matar nesta modalidade, ainda recente em Portugal, instruída por activos das Forças Armadas portuguesas.

Suicídio é o próximo exercício: quatro pinos laranjas, a destoar o relvado verde, alinham-se espaçadamente à nossa frente, o parceiro da frente corre até ao primeiro, passa a vez, eu vou até ao segundo, ele até ao terceiro, eu até ao quarto e depois ele terceiro, eu segundo, ele primeiro. Troca. Agora a dianteira é minha – não que isto torne o suicídio mais fácil mas o frio, deixou de me atormentar e a história repete-se. De seguida fazemos o mesmo, em bicos de pé, mas ficamos do outro lado e, como prova de que aprendemos o exercício, fazemos o mesmo, repetindo ainda alternando com flexões, repetimos ao pé coxinho, com saltos de pés juntos – no qual o Martins Jr, parece uma gazela – e eu, enquanto espero pelo meu parceiro ponho a língua de fora. Sim, tal como os cães, na esperança que me ajude a aliviar o cansaço não que funcione mas está mais perto daquilo que o instrutor da semana passada disse sobre o Bootcamp: isto não é para ficar com a língua de fora, é para ficar sem ela!

Pensei eu que, porventura, já estaríamos a meio mas não, óbvio que não então a corda tinha cá vindo hoje fazer o quê? Se era para apanhar frio, mas valia ter ficado enrolada a descansar, como as cobras. Pegámos na corda, de braços esticados e agachamos uma vez, duas vezes, …, vinte vezes. Agora, ainda de braços esticados, levamos a corda para cima e para o centro. O número de vezes repete-se. De braços novamente esticados à nossa frente, o instrutor diz:
– Larguem a corda – e nós assim o fazemos, deixando os braços cair também – braços para cima, agachem um pouco, posição um. Posição dois, prancha, posição três, deitados no chão com as pernas dobradas e pescoço erguido.
Neste exercício, para além da alternância sobretudo entre a posição um e dois, o Tomé voltou a revelar a sua preferência pelo zero, que consistia em nos aproximarmos do chão e que por vezes, quando se enganava na contagem, voltava tudo ao inicio. O zero, neste exercício significava aproximação ao chão. Na posição da prancha resultava em flexões de braços, na posição um, em agachamentos. Isto posto assim, dá um ar muito misterioso à coisa, pois a contagem chegou a ser assim: zero, um dois, zero, zero, zero, um, zero e em algum ponto tornou-se numa contagem contínua.
A seguir a este, rentes à corda, a perna dobra lá à frente, a outra lá atrás.
– A de trás fica a quatro dedos do chão – aproxima-se o instrutor, coloca quatro dedos entre o chão e o meu joelho e eu vejo que estou a doze! O som do apito ecoa pelos nossos ouvidos e vamos alternando ora é a perna esquerda, ora a direita, com mais ou menos rapidez. Sim, é extenuante.
Quando este exercício acaba, reunimo-nos em círculo. O Tomé põe a corda às nossas costas e sugere 200 agachamentos em séries de vinte, contados por nós e lá começamos: zero, um, dois, três, …, vinte.
– Ok está bom. Faltam 180. Dez, nove, oito, sete, …, três, dois, um, recomeça.
– Zero, um, dois – contamos nós, até ao vinte.

Quando faltam duas séries de vinte, o Tomé, após ter andado à nossa volta a ver se estávamos a simular agachamentos ou fazê-los efectivamente, diz amigavelmente:
- Já só faltam duas séries, para acabar a primeira série de duzentos, são três.
É verdade, três vezes duzentos resultaram em seiscentos agachamentos, as séries de vinte cresceram para vinte e cinco e, as de vinte e cinco, para cinquenta. As pernas doeram, o suor na testa do Martins Jr, congelou e, no meu bigode, o suor parecia o orvalho que se forma na cutícula verdejante das folhas das plantas, que era para onde eu olhava para obter mais alguma energia para acabar os agachamentos.
A seguir, o treino estava prestes a terminar, seguiram-se uns alongamentos e um relaxamento, após os quais o Tomé olhou para o relógio e nos deu sete escassos segundos para trazer o material e nos informou que chegáramos cinco segundos depois. Essa eternidade, terminou em flexões, com as mãos e, também com os punhos.
– Se tiverem dores? Aguentem-se!

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