sábado, outubro 30, 2010

Quando ex-governantes partem para as instituições internacionais...

Quando ex-governantes portugueses partem para instituições internacionais como António Guterres que afundou o país sem ter chegado ao fim do seu mandato e o ocupa o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, quando o seguinte, Durão Barroso faz a mesma asneira em menos tempo e ocupa o cargo de Presidente da Comissão Europeia, o que se pode deduzir sobre essas organizações?

Os impostos e as análises na imprensa

Na Visão de 21/10 e no Expresso de 23/10 fez-se uma tentativa de apresentar o impacto que o aumento dos impostos impostos vão ter no próximo ano no bolso dos portugueses. As análises feitas pela PwC e pela Deloitte, respectivamente são muito pragmáticas só que ao fazer uma comparação às duas análises pode-se concluir o seguinte:

A análise da Visão/PwC é mais realista pois
(1) Considera rendimentos anuais a começar nos €5.000 enquanto a Deloitte começa nos €20 000
(2) No caso de solteiros as aplicações em PPR só são consideradas a partir dos €33 000 enquanto a Deloitte começa nos €20 000
(3) A análise da Deloitte considera que os casais têm dois filhos quando, cada vez mais os casais só tem um filho e este cenário é contemplado na análise da PwC.

É verdade que a análise na Visão apresenta muitos mais cenários que o Expresso mas, tendo o Expresso optado por apresentar uma análise mais reduzida, será uma análise representativa de Portugal?

Ou seja rendimentos a começar nos €20 000 anuais, aplicações em PPR a partir desses rendimentos e casais com dois filhos não me parece que seja uma análise representativa da população portuguesa.

Quem sabe, talvez seja a realidade dos leitores do Expresso, talvez a análise tenha sido desenhada para eles mas não é para rendimentos acima dos €20 000 que o efeito se vai sentir. O efeito vai ser sentido sim nas camadas mais desfavorecidas e é importante que esta informação salte, venha cá para fora para que os mais abastados conheçam a realidade do país e não fiquem apenas sentados em poltronas feitas do trabalho e do esforço de quem, na verdade conhece o significado de trabalhar.

Ninguém foi feito para morrer


The Dead Couple
Originally uploaded by jnhkrawczyk
"Ninguém foi feito para morrer e vi morrer bastante gente"

António Lobes Antunes na Visão(920)

quarta-feira, outubro 27, 2010

Cavar a própria sepultura I

Há uns tempos fui depositar dinheiro num banco tendo, e, para tal, dirigi-me ao balcão onde para ser atendido por um funcionário, fiquei numa fila com duas pessoas à minha frente cerca de dez minutos. Demora tempo sim mas fi-lo porque da última vez que fui à máquina ela ficou-me com o dinheiro e, por consequência, tive de ir para a fila. De qualquer forma, prefiro ser atendido por uma pessoa do que lidar com robots.

Após o funcionário ter-me atendido tivemos o seguinte diálogo:
Funcionário (F): Sabe que pode ir à máquina
Eu (E): Da última vez que fui à máquina, ela ficou-me com o dinheiro e tive de vir para aqui à mesma:
F: Mas agora já está a funcionar bem, sabe que não tem de ficar na fila
E: Pois, mas o banco tem todo o interesse que as pessoas fiquem na fila
F: Não, claro que o banco não tem interesse nenhum
E: Claro que tem, pois caso contrário punham mais funcionários no atendimento
F: Isso não faz nenhum sentido
E: Claro que faz, o banco tem todo o interesse de as pessoas irem para as máquinas para pagar menos aos funcionários
F: Isso não faz nenhum sentido
E: Claro que faz, o banco tem todo o interesse em baixar custos com o pessoal, pois a sua tarefa pode ser substituida por uma máquina que funciona sempre

(È importante fazer um parêntesis aqui):

É interessante observar como um funcionário de uma instituição bancária, que terá algum nível de instrução, não tem capacidade crítica, conseguindo assim cavar a sua própria sepultura ao sugerir as pessoas para irem para os robots e, acima de tudo consegue ainda assim, defender com unhas e dentes uma instituição que está, nas tintas para a pessoa, pois o banco apenas está interessado no resultado das tarefas realizadas pelo funcionário.

Ou seja, nestas pequenas situações é possível ver como a sociedade anda doente e adormecida num profundo paradoxo pois os funcionários são altamente leais e defendem com unhas e dentes as instituições que não se interessam por eles e há muitas pessoas instruídas que perderam a sua capacidade crítica e que cavam a sua própria sepultura.

Não é a primeira vez que tenho este tipo de conversas com funcionários que fazem atendimento ao público e embora hajam uns que pensam, a massa crítica ainda está do lado dos que preferem fazer o seu próprio buraco.

Cavar a própria sepultura II

A estratégia é meramente psicológica pois ninguém gosta de ficar à espera e, como tal, o banco tem de fazer com que as pessoas sintam esse desconforto, ao mesmo tempo oferecendo uma alternativa, ou seja poucos funcionários a fazer o atendimento leva a filas de espera, tempo de espera, impaciência, a solução é uma máquina com muita publicidade.

Isto fará o seguinte: mais funcionários tornam-se redundantes e portanto ao longo do tempo vai ser possível ter menos funcionários a fazer este tipo de trabalho, o que não quer dizer que os mesmos sejam despedidos e então perguntas-te qual é o problema disto.

De facto é bom o banco reduzir os seus custos mas isso não tem impacto para ti, tão pouco para o preço dos serviços que eles oferecem, a não ser claro que sejas accionista. O facto de interagirmos cada vez menos com pessoas e mais com máquinas tem, neste caso o inconveniente de: os problemas com o serviço demorarem mais tempo a serem resolvidos e com o passar do tempo esquece-se do problema e o banco não tem de o resolver e portanto faz o que lhe apetece, parece-me uma ditadura mas de facto a tendência aponta nessa direcção. Ao interagir com uma pessoa é completamente diferente, ou vais-me dizer que não?

segunda-feira, outubro 25, 2010

A estratégia do medo na imprensa


Newspaper and tea
Originally uploaded by Matt Callow
França, Grécia, Alemanha, Espanha, Moçambique entre outros são países em que se tem assistido a uma grande contestação social e forte mobilização social na rua devido a medidas aprovadas pelo Governo e que, por serem suficientemente asfixiantes, trouxeram as pessoas para a rua.

No intuito de impor essas medidas na ditadura democrática que se vive actualmente na sociedade ocidental, os governos têm muitas ferramentas ao seu dispor nomeadamente a manutenção da ordem pública através da polícia opressora a qual tem por objectivo manter as pessoas na ordem. Em países “democráticos” este tipo de atitude é estranha pois o governo aprova medidas hercúleas, para manter os ricos mais ricos e os pobres mais pobres e espera-se que os cidadãos aceitem de forma passiva este tipo de injustiças.

Uma outra ferramenta que os governos têm à sua disposição é a imprensa que, em tempos foi claramente uma ferramenta dos regimes e hoje, tornou-se uma ferramenta encapotada dos regimes. Diz-se que a imprensa é livre, é independente, informa e dá, de facto, a ideia que assim o é só que quando se vê notícias com o título “Polícia francesa dispersa estudantes com gás lacrimogéneo”, observa-se que isto é também uma forma de incutir medo nas pessoas e dissuadi-las de virem para a rua. Relembre-se também que Portugal é um país à beira da ruptura e portanto é bom que as pessoas fiquem quietinhas.

http://economico.sapo.pt/noticias/policia-francesa-dispersa-estudantes-com-gas-lacrimogeneo_102000.html

sábado, outubro 23, 2010

Sobre a escola

"Uma escola onde o respeito que o professor espsra é, cada vez mais, recusado por alunos, encarregados de educação, políticos ou mesmo a sociedade em geral"

"Uma escola onde se exige a produção de competências ao invés da formação de consciências"

CABRITO Belmiro Gil, A escola que eu gostava que existisse, CAIS 2010, 155 (Setembro), 18-19

quinta-feira, outubro 21, 2010

Os domingos das grandes superfícies

Por vezes surgem afirmações tão absurdas que é inacreditável alguém conseguir fazer afirmações assim. Bom, de facto as pessoas não conseguem fazer afirmações deste género, são as empresas que as fazem, as tais que não se sabe bem de quem são e quem servem e portanto, no seguimento, da autorização concedida às grandes superfícies a Sonae fez as seguintes afirmações:

Os Hipermercados Continente estarão abertos no próximo domingo todo o dia, em benefício dos cidadãos
Os cidadãos verdadeiramente beneficiados são:
Os administradores das empresas que tem participações na Sonae
Os administradores da Sonae
Os accionistas que beneficiam da valorização das acções da Sonae

Como estas pessoas não são estatisticamente significantes, podiam deixar as grandes superfícies fechadas. O problema é que, como as mesmas são economicamente significantes a decisão pesa mais para o lado do dinheiro

A decisão é geradora de emprego e riqueza para a economia nacional
A decisão não é geradora de emprego, pois o sistema funciona de forma tal que, ao atrair os consumidores para as catedrais de consumo vai afasta-los do comércio tradicional. O inconveniente disto é que apenas as grandes marcas conseguem negociar com a grande distribuição e, os pequenos vão perecendo lentamente até desaparecerem completamente contribuindo assim para a criação de oligopólios que resultam em menos escolha para o consumidor. O problema deste modelo é que a riqueza vai lá para fora, isto porque as bolachas são feitas lá fora, os cereais são feitos lá fora, a fruta vem lá de fora, a electrónica vem lá de fora e por aí em diante, ou seja a riqueza é toda exportada

Posto isto onde está a geração de emprego e riqueza para a economia nacional?

http://economico.sapo.pt/noticias/continente-jumbo-e-pao-de-acucar-abertos-a-tarde-a-partir-de-domingo_102278.html

quarta-feira, outubro 20, 2010

A osteoporose e o leite


cookie splash
Originally uploaded by ]babi]
Hoje é o dia mundial da osteoporose o qual foi criado para despertar a consciência sobre um quadro clínico que afecta milhares de pessoas no mundo. Para tal desde a semana passada, assiste-se em Lisboa a uma renovação massiva do mobiliário urbano que consiste em inundar os espaços publicitários com cartazes que mencionam que o cálcio é importante para a saúde dos ossos e que o leite é rico em cálcio, as quais são afirmações verdadeiras mas daí a associar o consumo do leite a uma boa saúde dos ossos vai uma distância considerável.

Na verdade, o que se verifica na literatura científica é que, pelo menos desde 1972, já se verifica que um consumo elevado de proteína animal contribui para a fractura óssea (1).

Por outro lado, em Harvard afirma-se que o valor do leite na prevenção da osteoporose é pouco claro (2) e, num artigo sobre o cálcio e o leite (3) é apresentada uma visão muito equilibrada sobre o leite e o cálcio.

Assim neste dia, para além de se alertar para o tema da osteoporose, talvez fosse importante pesquisar e reflectir sobre os paradigmas em que nos encontramos, pois há cálcio para lá do leite.

(1) ELLIS F R, HOLESH S, ELLIS J W; Incidence of osteoporosis in vegetarians and omnivores, Am J Clin Nutr 1972; 25:555-558
(2) http://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/questions/calcium-questions/
(3) http://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/what-should-you-eat/calcium-full-story/

quinta-feira, outubro 14, 2010

Vegetariano sem tofu, sem seitan

A ideia de que vegetariano não passa sem tofu e sem seitan continua a ser perpetuada, pois há a crença de que esses alimentos substituem a carne e o peixe e portanto devem ser consumidos com regularidade pois de outro modo, irá trazer deficiências nutritivas.
Ao se reflectir sobre o assunto com algum sentido crítico, observa-se que uma das nações com mais vegetarianos, a Índia, não inclui na sua cozinha tofu ou seitan e é fácil de verificar isto observando a ementa de um restaurante indiano.
Portanto quando se muda de alimentação, não há necessidade de ficar obcecado com tais alimentos.

segunda-feira, outubro 11, 2010

Sobre a fertilidade


É interessante notar que:
(1) a menarca (primeira menstruação) acontece cada vez mais cedo
(2) as mulheres cada vez tem filhos mais tarde
(3) as taxas de infertilidade, ou seja, um casal conseguir fazer um filho são cada vez mais maiores

(4) Isto numa realidade em que a partir dos 28 anos, a probabilidade de as crianças nascerem com deficiências aumenta.

Estas informações não são analisadas propositadamente, ficando ao critério do leitor, reflectir, analisar, pensar e fazer as suas próprias teorias sobre o assunto.

Referências:
(1) PADEZ, C; ROCHA, M A, Age at menarche in Coimbra (Portugal) school girls: a note on the secular changes, Annals of Human Biology, Sept-Oct 2003, 30 (5), 622-632
(2) PORDATA acedido a 11-10-2010
(3) FIALHO, Djalita, A reforma do dividendo populacional Consequências económicas e sociais do envelhecimento da população, SOCIUS Working Papers no 10/2006

domingo, outubro 10, 2010

A decadência da educação


Granny Mara - Baba Mara
Originally uploaded by fotogolub
No sistema educativo, pede-se aos alunos que façam pesquisas na internet, mas nunca se lhes pede que interajam com o saber dos avós.

Natália Pires, na Revista Cais de Junho de 2010

domingo, outubro 03, 2010

O paradoxo alimentar americano


Nozes
Originally uploaded by Amendoas
Nos EUA, as nozes, por mais fundamento científico que tenham, para serem comercializadas com as vantagens que lhe são inerentes por exemplo que ajudam a reduzir o mau colesterol (colesterol LDL), são classificadas como medicamentos.

Até se pode perceber alguma lógica por detrás disso mas se as nozes não podem ser comercializadas assim, porque é a Frito-Lay (a matutano americana) pode afirmar que o consumo das suas batatas ajuda a manter um bom nível de bom colesterol (o colesterol HDL)?

Fonte: http://www.lef.org/featured-articles/FDA-Says-Walnuts-Are-Illegal-Drugs.htm