sexta-feira, novembro 26, 2010

Será o recente investimento na Brio, o primeiro passo para um monopólio da agricultura biológica em Portugal?


colorful vegetables
Originally uploaded by computix
A agricultura biológica (AB) é um conceito relativamente novo no comércio português sobretudo porque nos hipermercados é vendido como produto gourmet, a preços exorbitantes.
Durante muitos anos foi a Biocoop, quem reinou o mercado de AB em Lisboa, pois nem as Lojas Celeiro nem a Espiral se apresentava como grandes concorrentes no segmento da AB.

No entanto a chegada da Miosótis a zonas mais movimentadas da cidade, como o Campo Pequeno e, mais recentemente, em São Sebastião aliado ao crescimento dos mercados ao Sábado no Príncipe Real, e mais recentemente em Algés, Oeiras e na avenida de Roma veio trazer este conceito para mais próximo do consumidor. Assistiu-se também a abertura de outras lojas com mesmo conceito, dedicando-se exclusivamente à AB como a BioSábio, em Oeiras e o Espaço Bio, no Parque das Nações, junto ao restaurante Miss Saigon. Para além destes players surgiu também os supermercados Brio, inicialmente em Campo de Ourique e agora também em Carnaxide podendo afirmar com alguma segurança que os grandes players em Lisboa, continuam a ser a Biocoop, a Miosótis e a Brio.

Apesar de tudo, assistiu-se à entrada de um grande investidor, nos supermercados Brio (1) o que, entre outras coisas significa que ali há muito dinheiro para espremer ou seja a Brio com alguma brevidade vai começar a sofrer ainda mais pressão por margens de lucro e exploração dos trabalhadores embora se adivinhe uma significativa expansão dos seus supermercados.

Por outro lado, tendo em conta o reduzido número de players existentes, a Brio poderá rapidamente tornar-se o grande player no mercado nacional. Se isto vier a acontecer o mais provável é acabar por ser vendido a um grande retalhista como a Sonae ou a Jerónimo Martins pois o modelo de negócio encaixa-se na perfeição.

Se isto vier a acontecer, já é conhecido o fenómeno de asfixia do mercado em que um produtor inicialmente tinha vários compradores, mas entretanto há um que lhe assegura a compra de toda a produção, com isto consegue-se preços mais baixos, mas asfixia a concorrência. Posteriormente, quando já não há concorrência o retalhista consegue impor as condições que bem lhe apetece ao produtor que já não tem saída, porque os compradores antigos já saíram todos do mercado. Um caso semelhante está actualmente a acontecer em Peniche através do Clube de Produtores (2)(3).
No entanto, não vejo que isto se torne mesmo assim, porque muitos produtores da AB já conhecem este fenómeno. No entanto nunca se sabe pois o dinheiro move quase tudo e, como grande investidor, Pais do Amaral apenas lá este pelo retorno.

Referências
(1) http://economico.sapo.pt/noticias/pais-do-amaral-investe-em-supermercados-biologicos_104528.html
(2) http://www.clubeprodutores.sonae.pt/html/produtores02.html
(3) http://sic.sapo.pt/programasinformacao/scripts/VideoPlayer.aspx?ch=reportagem%20sic&videoId={8A08BE64-A73B-4C6A-AF85-94E86F976121}

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