sábado, setembro 04, 2010

Preço do Pão: 7 mortos e 288 feridos


Bread Toasts
Originally uploaded by FrancoisRoche
Em Portugal, um pão custa €0.15, em Moçambique já vai nos 7 mortos e 288 feridos (1). O comércio dos alimentos a nível mundial continua a adquirir contornos cada vez mais preocupantes não apenas devido às crescentes classes médias nos países emergentes como o Brasil e a China, mas também das políticas dos governos ocidentais em se alimentarem através de importações ao invés de promoverem o desenvolvimento da agricultura nacional, ainda para mais com tantas pessoas sem emprego e com terrenos sem produção e, também da política de insistirem em NÃO promover alimentações em que se reduza o consumo de carne. A acrescentar a isto temos ainda o elevado desperdício alimentar por parte dos grandes retalhistas e ainda a especulação em torno das commodities alimentares, ou seja há muita gente a ganhar dinheiro com a variação do preço dos alimentos enquanto outros não têm comida no prato (2).
O cenário fica ainda menos agradável quando se observa o efeito nefasto da especialização agrícola em que quebras na produção de um país tem repercussões no mundo inteiro – caso dos incêndios na Rússia e o impacto no preço do trigo.
A acrescentar a isto teremos a crescente escalada no preço do petróleo, que tem impacto no preço dos bens alimentares pois os alimentos são transportados de lugares tão longínquos como a Nova Zelândia.
Observa-se também uma crescente escassez de recursos hídricos (3) com a cada vez maior incerteza das condições climáticas que afectam as colheitas e conte-se ainda com a perda de competências no ramo agrícola nos países industrializados, pois as gerações mais velhas não tem vindo a ser substituídas.
Posto este cenário a verdade é que os governos, as grandes empresas mundiais e outras instituições de âmbito global como a FAO, já sabem que o alimento vai rarear cada vez mais na boca das populações e, face a isto todas as pessoas que ocupam cargos de alta responsabilidade simplesmente estão a deixar a situação desenrolar sem agir, o que é deveras preocupante mas compreensível, pois a tais pessoas dificilmente irá faltar pão na boca.
Como se já se pode ver actualmente, através do caso moçambicano, a forma como os governos e a ONU (a FAO é uma organização na estrutura da ONU) vão lidar com a manifestação das populações é repressão através da autoridade ao invés de alimentar as barrigas famintas.
Por outro lado é importante não esquecer que todo este cenário, para além de engordar os lucros dos especuladores financeiros da banca de investimento, é extremamente favorável à introdução de alimentos geneticamente modificados – os transgénicos, os quais continuam a carecer de estudos sérios e credíveis sobre a sua segurança.

(1) http://www.ionline.pt/conteudo/76592-mocambique-revolta-sem-organizacao-deixa-o-pais-em-suspenso
(2) http://www.theecologist.org/News/news_round_up/542538/goldman_sachs_makes_1_billion_profit_on_food_price_speculation.html
(3) http://www.smh.com.au/environment/water-issues/liquid-gold-20100903-14ueu.html

1 comentário:

Carla Cruz disse...

Ola,Dani!
Foste tu que escreveste o texto?
Esta muito bom.
Tenho saudades tuas.
Depois tenho questoes acerca de alimentacao que te queria fazer.
Envio-te esta semana para o gmail.
Beijinhos