Yoga em busca mesmo de quê? (Parte II)
Para além das asanas, as quais por vezes tenho alguma dificuldade em as chamar assim pois torna-se complicado distingui-las de outros exercícios físicos, surge o yoga como panaceia para o stress da sociedade ocidental para proporcionar tranquilidade, aliviar o stress e reduzir a ansiedade.
A verdade é que funciona, a pessoa pára, respira (que é crucial para que as técnicas funcionem), a prática é adaptada de forma a não ser fisicamente tão exigente e no fim a pessoa adormece na (verdadeiramente difícil) postura shavasana.
Mas o yoga é isto? Por exemplo, não seria mais útil adoptar um estilo de vida menos stressante, em vez de estar constantemente a oscilar entre stress, relaxamento, stress e relaxamento?
Um minuto são 0.06% do teu dia. Se dedicares esse tempo tão reduzido a relembrar um momento com significado do teu dia... Como serão os teu dias?
domingo, maio 23, 2010
domingo, maio 16, 2010
Retroreflexões sobre Yoga I
Yoga em busca mesmo de quê? (Parte I)
Tenho a ideia de já ter lido em diversos sítios que a difusão do yoga no ocidente está relacionada com a procura que os ocidentais fazem de forma a se encontrarem consigo próprios, de descobrir a espiritualidade ou simplesmente encontrar um rumo para a vida que vá para além da filosofia materialista tão premente no hemisfério norte.
Na verdade, tenho a percepção que a difusão do yoga está bem afastada daquilo que é a sua proposta (o encontro do ser) e que, a sua enorme difusão prende-se com o facto de ser mais uma forma de satisfazer a obsessão pela imagem corporal tão premente no ocidente, até porque a prática mais difundida é a física, as asanas que acabam por serem conhecidas como yoga.
As asanas são uma forma extraordinária de satisfazer as necessidades do mercado ocidental, por diferentes razões: são maravilhosamente belas, as pessoas sentem o corpo quando estão nas posturas, tonificam os músculos e são progressivas, isto é, a prática começa com posturas simples (adaptado portanto a pessoas sedentárias) e, à medida que a prática destas vai sendo melhorada, parte-se para a execução das posturas mais exigentes, ou seja, há um caminho que já está delineado, dando assim um sentimento de segurança que faz com que o praticante acabe por ter incentivo ao sentir o progresso na sua prática.
Mas o yoga é só isto? De facto será isto o yoga? Qual será então a diferença entre asanas e os exercícios de ginásio e fitness?
Tenho a ideia de já ter lido em diversos sítios que a difusão do yoga no ocidente está relacionada com a procura que os ocidentais fazem de forma a se encontrarem consigo próprios, de descobrir a espiritualidade ou simplesmente encontrar um rumo para a vida que vá para além da filosofia materialista tão premente no hemisfério norte.
Na verdade, tenho a percepção que a difusão do yoga está bem afastada daquilo que é a sua proposta (o encontro do ser) e que, a sua enorme difusão prende-se com o facto de ser mais uma forma de satisfazer a obsessão pela imagem corporal tão premente no ocidente, até porque a prática mais difundida é a física, as asanas que acabam por serem conhecidas como yoga.
As asanas são uma forma extraordinária de satisfazer as necessidades do mercado ocidental, por diferentes razões: são maravilhosamente belas, as pessoas sentem o corpo quando estão nas posturas, tonificam os músculos e são progressivas, isto é, a prática começa com posturas simples (adaptado portanto a pessoas sedentárias) e, à medida que a prática destas vai sendo melhorada, parte-se para a execução das posturas mais exigentes, ou seja, há um caminho que já está delineado, dando assim um sentimento de segurança que faz com que o praticante acabe por ter incentivo ao sentir o progresso na sua prática.
Mas o yoga é só isto? De facto será isto o yoga? Qual será então a diferença entre asanas e os exercícios de ginásio e fitness?
domingo, maio 09, 2010
Falta comida no prato
Quando o preço do combustível aumenta, as preocupações limitam-se aos transportes quer seja através do depósito do carro, ou do passe social, só que as implicações do preço do combustível influem nas vidas das pessoas de uma forma muito mais alargada do que o nosso transporte.
Pode-se em boa verdade, dizer que o petróleo foi o motor das sociedades desenvolvidas e continua a ter esse papel como se vê claramente no artigo da wikipédia.
Petroleum is vital to many industries, and is of importance to the maintenance of industrial civilization itself, and thus is a critical concern for many nations. (1)
O petróleo está presente no tubo da pasta de dentes, no saco do supermercado, no plástico do telemóvel, no cartão Multibanco, na garrafa de água, no champô, nos assentos dos automóveis, nos pesticidas dos alimentos. Contudo, o baixo preço a que o petróleo tem sido transaccionado ao longo das últimas décadas, é o que tem possibilitado, asfixiar a agricultura nacional e é por isso, que hoje, é mais barato, comer em Portugal uvas que foram colhidas no Chile, espinafres que voam da Nova Zelândia, bananas que voam do Equador, arroz que voa da Tailândia.
Mas, se o preço do petróleo não baixar vamos comer o quê?
(1) - http://en.wikipedia.org/wiki/Petroleum_industry
Pode-se em boa verdade, dizer que o petróleo foi o motor das sociedades desenvolvidas e continua a ter esse papel como se vê claramente no artigo da wikipédia.
Petroleum is vital to many industries, and is of importance to the maintenance of industrial civilization itself, and thus is a critical concern for many nations. (1)
O petróleo está presente no tubo da pasta de dentes, no saco do supermercado, no plástico do telemóvel, no cartão Multibanco, na garrafa de água, no champô, nos assentos dos automóveis, nos pesticidas dos alimentos. Contudo, o baixo preço a que o petróleo tem sido transaccionado ao longo das últimas décadas, é o que tem possibilitado, asfixiar a agricultura nacional e é por isso, que hoje, é mais barato, comer em Portugal uvas que foram colhidas no Chile, espinafres que voam da Nova Zelândia, bananas que voam do Equador, arroz que voa da Tailândia.
Mas, se o preço do petróleo não baixar vamos comer o quê?
(1) - http://en.wikipedia.org/wiki/Petroleum_industry
segunda-feira, maio 03, 2010
Trilhando um caminho em Yoga
A primeira pedra no caminho do yoga é moksa, um desejo sincero pela liberação.
Depois de desperto este desejo, começa o trabalho, o qual por simplicidade, pode ser feito a partir do que os antepassados deixaram como legado para as gerações vindouras ao invés de criar confusões novas.
Se pegarmos nos Yoga Sutras de Patanjali, no verso 2.29, o primeiro componente do yoga é Yama que poderá ser traduzido como autocontrole. O próprio Yama é composto por cinco componentes sendo o primeiro, Ahimsa. Desta forma, Ahimsa será então o primeiro degrau do caminho do Yoga.
O que Patanjali nos diz sobre Ahimsa, que pode ser traduzido como não violência, é apenas que este é o primeiro passo, e assim, tudo o mais que se diz sobre Ahimsa deriva de interpretações de pessoas com grande capacidade argumentativa ou óptimos escritores cujos textos, na verdade até podem ser úteis para ajudar a acolher Ahimsa.no caminho.
Ahimsa aplicado de forma permanente na vida do caminhante, deriva de uma capacidade de reflexão, implementação e consciência extraordinária que é única e customizada para cada caminhante..
Depois de desperto este desejo, começa o trabalho, o qual por simplicidade, pode ser feito a partir do que os antepassados deixaram como legado para as gerações vindouras ao invés de criar confusões novas.
Se pegarmos nos Yoga Sutras de Patanjali, no verso 2.29, o primeiro componente do yoga é Yama que poderá ser traduzido como autocontrole. O próprio Yama é composto por cinco componentes sendo o primeiro, Ahimsa. Desta forma, Ahimsa será então o primeiro degrau do caminho do Yoga.
O que Patanjali nos diz sobre Ahimsa, que pode ser traduzido como não violência, é apenas que este é o primeiro passo, e assim, tudo o mais que se diz sobre Ahimsa deriva de interpretações de pessoas com grande capacidade argumentativa ou óptimos escritores cujos textos, na verdade até podem ser úteis para ajudar a acolher Ahimsa.no caminho.
Ahimsa aplicado de forma permanente na vida do caminhante, deriva de uma capacidade de reflexão, implementação e consciência extraordinária que é única e customizada para cada caminhante..
segunda-feira, abril 19, 2010
Como é que é possível
Como é que é possível que hajam mais pessoas que sabem o que é a Opel, que saibam quem é Hannah Montana, que conhecem o iPod e já ouviram falar no iPad e que sabem que existem filmes 3D mas não sabem o que é um OGM, um PPR, homeopatia ou acunpuctura?
quarta-feira, abril 14, 2010
domingo, abril 04, 2010
A importância da permanência em asana
Asana refere-se a estabilidade na postura, e é uma das componentes que se procura desenvolver no trabalho do yoga. Contudo é fácil constatar que a estabilidade no asana é uma etapa que exige muito tempo e trabalho e portanto a um determinado ponto da prática, será útil reflectir sobre a importância desse trabalho de forma a compreender se a dedicação de tempo à prática vai de encontro aos objectivos, prolongando assim o trabalho ou mudando para outra actividade.
Na prática à qual me tenho dedicado, verifico que ao trabalhar a estabilidade do asana, há um grande foco na respiração e na atenção que se coloca na parte do corpo que se está a trabalhar, permitindo assim, com o passar do tempo, aumentar à atenção aos sinais que o corpo constantemente oferece e aos quais normalmente não são dados a devida atenção. Por outro lado, o foco na respiração permite acalmar muito do turbilhão de pensamentos que passa na mente e esta é também uma parte essencial, pois sem o trabalho correcto da respiração é muito exigente trabalhar a permanência da postura, pois é esta componente que ajuda a foca e a ultrapassar a barreira do desconforto que por vezes surge o que acaba por permitir um esvair dos pensamentos e atenção adequada.
Com o desenvolvimento deste trabalho físico de atenção no corpo, o mesmo permitirá gradualmente o trabalho mais subtil da parte psicológica que, por ainda não conseguir compreender bem do que se trata ainda não o consigo expor. No entanto o trabalho do asana, depois da parte física estar adequadamente trabalhada permitirá começar a dar então espaço para que se possa dedicar atenção às emoções, com um pensamento mais lúcido, pois a respiração então já estará mais bem trabalhada
Na prática à qual me tenho dedicado, verifico que ao trabalhar a estabilidade do asana, há um grande foco na respiração e na atenção que se coloca na parte do corpo que se está a trabalhar, permitindo assim, com o passar do tempo, aumentar à atenção aos sinais que o corpo constantemente oferece e aos quais normalmente não são dados a devida atenção. Por outro lado, o foco na respiração permite acalmar muito do turbilhão de pensamentos que passa na mente e esta é também uma parte essencial, pois sem o trabalho correcto da respiração é muito exigente trabalhar a permanência da postura, pois é esta componente que ajuda a foca e a ultrapassar a barreira do desconforto que por vezes surge o que acaba por permitir um esvair dos pensamentos e atenção adequada.
Com o desenvolvimento deste trabalho físico de atenção no corpo, o mesmo permitirá gradualmente o trabalho mais subtil da parte psicológica que, por ainda não conseguir compreender bem do que se trata ainda não o consigo expor. No entanto o trabalho do asana, depois da parte física estar adequadamente trabalhada permitirá começar a dar então espaço para que se possa dedicar atenção às emoções, com um pensamento mais lúcido, pois a respiração então já estará mais bem trabalhada
domingo, março 28, 2010
O homem deve ser como uma espada
O homem deve ser como uma espada, o seu corpo deve ser como a bainha. Um dia chegará a morrer e a alma deve sair do corpo cantando, luminosa como a lâmina de uma espada. E então a bainha ficará vazia e inútil, e será deitada à terra; mas a espada, o pedaço de luz das estrelas que ficou aprisionada na terra, voltará às estrelas
No O Reino da Massa, Stjepan Palajsa
No O Reino da Massa, Stjepan Palajsa
domingo, março 14, 2010
OGM fora!
Em Novembro, já aqui tinha feito uma primeira abordagem aos transgénicos, só que, desde então, já o assunto de desenvolveu com contornos preocupantes.
Primeiro, o actual Ministro da Agricultura, António Serrano, já se mostrou favorável à introdução (1) dos OGM em Portugal, se bem que, na verdade estas matérias são decididas pela União Europeia e portanto os países por si acabam, por não ter poder sobre as decisões no seu próprio território (estranho? sim? Não, não me enganei).
(1) Posição favorável do Ministro da Agricultura
(2) Página do Docente na Universidade de Évora
(3) Perfil do Ministro da Agricultura
(4) Aprovação da batata transgénica BASF
(5) Notícia no New York Times sobre a concertação no mercado das sementes
(6)A falácia da produtividade dos OGM
(7)O controlo dos estudos sobre OGM
Primeiro, o actual Ministro da Agricultura, António Serrano, já se mostrou favorável à introdução (1) dos OGM em Portugal, se bem que, na verdade estas matérias são decididas pela União Europeia e portanto os países por si acabam, por não ter poder sobre as decisões no seu próprio território (estranho? sim? Não, não me enganei).
Segundo, o Ministro da Agricultura, não percebe nada de Agricultura, a sua formação é Gestão, sendo docente da área na Universidade de Évora (2) e fora da universidade foi chairman no Hospital de Évora (3). Que tipo de perfis é que são colocados em cargos públicos, e com que objectivo?
Terceiro, na imprensa internacional, no inicio de Janeiro, no Times e Telegraph saíram três notícias a apoiar os OGM, sem qualquer argumento contra.
08 Janeiro – Telegraph 'Climate change resistant crops' move nearer after gene breakthrough
11 Janeiro – Telegraph GM crops to be planted in Britain again this year
13 Janeiro – Times Organic farmers must embrace GM crops if we are to feed the world, says scientist
Quarto, uma variedade de batata transgénica já foi aprovada para cultivo na Europa (4)
08 Janeiro – Telegraph 'Climate change resistant crops' move nearer after gene breakthrough
11 Janeiro – Telegraph GM crops to be planted in Britain again this year
13 Janeiro – Times Organic farmers must embrace GM crops if we are to feed the world, says scientist
Quarto, uma variedade de batata transgénica já foi aprovada para cultivo na Europa (4)
Quinto, nos EUA, já começou a ocorrer a manipulação do preço das sementes, conforme noticiado no New York Times (5). O problema da manipulação do preço das sementes é um assunto que já teve efeitos na Índia, como Vendana Shiva, líder do movimento indiano Navdanya, explica neste artigo. Isto significa que, gradualmente, o controlo do plantio dos alimentos, que actualmente está disperso por milhares de agricultores, vai ficando concentrado nas mãos de poucos, dando especial ênfase à Monsanto, Cargill, Syngenta, BASF e Bayer.
Por fim, não é de esquecer que os ganhos de produtividade decorrente dos cultivos transgénicos são uma falácia (6) e que a segurança para as pessoas e para o ambiente não pode ser aferida de forma independente pois os estudos que são feitos sobre estas culturas tem sempre de ser aprovados pelas multinacionais que facultam as sementes para os estudos (7), não sendo assim de estranhar que os estudos sejam sempre favoráveis. Atente-se ainda que a influência das multinacionais sobre estudos científicos revistos não se esgota na área da alimentação, pois há bem pouco tempo no New York Times foi publicado um artigo sobre a influência da indústria na área dos farmacêuticos
(1) Posição favorável do Ministro da Agricultura
(2) Página do Docente na Universidade de Évora
(3) Perfil do Ministro da Agricultura
(4) Aprovação da batata transgénica BASF
(5) Notícia no New York Times sobre a concertação no mercado das sementes
(6)A falácia da produtividade dos OGM
(7)O controlo dos estudos sobre OGM
domingo, março 07, 2010
Uma sessão de Bootcamp Portugal
Tic, tac, tic, tac, domingo são 07:50. Acordo com o relógio a gritar:
– Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim – berra ele até eu o acalmar
– Está frio – avisa-me o meu corpo
– Sim, eu sei mas tens de te levantar, hoje há Bootcamp, vá upa diz a minha mente. Levanto-me.
– Bolas, está mesmo frio – queixa-se a mente – mas tem de ser, tem de ser.
Agora, no carro as mãos congelam e o stress aumenta, pois não quero chegar atrasado à aula, invariavelmente rodeada de árvores que pintam a paisagem de verde e castanho e pelos jogadores de futebol que ainda foram mais agraciados que eu, pelo frio matinal.
Quando estaciono o carro, já lá está o instrutor a preparar o terreno com pinos cor de laranja a destoar a relva verdejante e com a corda que eu tive o prazer de conhecer no primeiro treino.
Saio do carro e vejo mais um bootcamper: o Martins que já lá está desde o inicio, seguido do Martins Jr.
– Bom dia – diz o Tomé, e vê-se o Luís a chegar, mesmo à hora que o relógio silenciosamente diz serem 9:00 – vamos começar.
– Hoje, vamos correr?
– Não, hoje ficamos por aqui.
Gelados pelas baixas temperaturas que se fazem sentir dias antes do Carnaval, começa mais um treino de Bootcamp, no Parque Urbano do Jamor.
– Vá, mãos nos bolsos – mãos nos bolsos? Pergunto-me eu, afinal, isto hoje até está bonito – para a frente, e para trás – bom, isto hoje até começa calminho, muito calminho.
Tomé, é um dos instrutores de Bootcamp, o primeiro que conheci, e está actualmente no activo, na Marinha portuguesa. Já se dedicou à fotografia, sobretudo a focar insectos e já esteve em missão em Timor. Aqui nas aulas de Bootcamp, uma das marcas com que fiquei da primeira aula foi que ele gosta muito de dois números: o um e o sete. Não sabia é que ele gosta também de outros números como o zero mas, sobretudo ele aprecia é ouvir-nos contar, a contar a partir do zero claro. Nesta aula, estava eu prestes a descobrir por um lado, que por mais concentrado que o instrutor esteja, às vezes engana-se na contagem e volta ao início, por outro que ele também gosta de outros números como o um e o dois.
- Posição um, cá em cima, posição dois, posição da prancha, entendido?
De assobio na mão lá vamos nós alternando ao som do apito do um para o dois, do dois para o um mas o frio, esse amigo, continua à nossa volta a gelar os nossos tendões e, eu penso em cobertores e que sou louco. Não só eu mas também os meus colegas por largarmos a cama antes das nove da manhã, para nos virmos matar nesta modalidade, ainda recente em Portugal, instruída por activos das Forças Armadas portuguesas.
Pensei eu que, porventura, já estaríamos a meio mas não, óbvio que não então a corda tinha cá vindo hoje fazer o quê? Se era para apanhar frio, mas valia ter ficado enrolada a descansar, como as cobras. Pegámos na corda, de braços esticados e agachamos uma vez, duas vezes, …, vinte vezes. Agora, ainda de braços esticados, levamos a corda para cima e para o centro. O número de vezes repete-se. De braços novamente esticados à nossa frente, o instrutor diz:
– Larguem a corda – e nós assim o fazemos, deixando os braços cair também – braços para cima, agachem um pouco, posição um. Posição dois, prancha, posição três, deitados no chão com as pernas dobradas e pescoço erguido.
Neste exercício, para além da alternância sobretudo entre a posição um e dois, o Tomé voltou a revelar a sua preferência pelo zero, que consistia em nos aproximarmos do chão e que por vezes, quando se enganava na contagem, voltava tudo ao inicio. O zero, neste exercício significava aproximação ao chão. Na posição da prancha resultava em flexões de braços, na posição um, em agachamentos. Isto posto assim, dá um ar muito misterioso à coisa, pois a contagem chegou a ser assim: zero, um dois, zero, zero, zero, um, zero e em algum ponto tornou-se numa contagem contínua.
A seguir a este, rentes à corda, a perna dobra lá à frente, a outra lá atrás.
– A de trás fica a quatro dedos do chão – aproxima-se o instrutor, coloca quatro dedos entre o chão e o meu joelho e eu vejo que estou a doze! O som do apito ecoa pelos nossos ouvidos e vamos alternando ora é a perna esquerda, ora a direita, com mais ou menos rapidez. Sim, é extenuante.
Quando este exercício acaba, reunimo-nos em círculo. O Tomé põe a corda às nossas costas e sugere 200 agachamentos em séries de vinte, contados por nós e lá começamos: zero, um, dois, três, …, vinte.
– Ok está bom. Faltam 180. Dez, nove, oito, sete, …, três, dois, um, recomeça.
– Zero, um, dois – contamos nós, até ao vinte.
Quando faltam duas séries de vinte, o Tomé, após ter andado à nossa volta a ver se estávamos a simular agachamentos ou fazê-los efectivamente, diz amigavelmente:
- Já só faltam duas séries, para acabar a primeira série de duzentos, são três.
É verdade, três vezes duzentos resultaram em seiscentos agachamentos, as séries de vinte cresceram para vinte e cinco e, as de vinte e cinco, para cinquenta. As pernas doeram, o suor na testa do Martins Jr, congelou e, no meu bigode, o suor parecia o orvalho que se forma na cutícula verdejante das folhas das plantas, que era para onde eu olhava para obter mais alguma energia para acabar os agachamentos.
A seguir, o treino estava prestes a terminar, seguiram-se uns alongamentos e um relaxamento, após os quais o Tomé olhou para o relógio e nos deu sete escassos segundos para trazer o material e nos informou que chegáramos cinco segundos depois. Essa eternidade, terminou em flexões, com as mãos e, também com os punhos.
– Se tiverem dores? Aguentem-se!
Mais: Site oficial Pagina do Facebook
– Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim – berra ele até eu o acalmar
– Está frio – avisa-me o meu corpo
– Sim, eu sei mas tens de te levantar, hoje há Bootcamp, vá upa diz a minha mente. Levanto-me.
– Bolas, está mesmo frio – queixa-se a mente – mas tem de ser, tem de ser.
Agora, no carro as mãos congelam e o stress aumenta, pois não quero chegar atrasado à aula, invariavelmente rodeada de árvores que pintam a paisagem de verde e castanho e pelos jogadores de futebol que ainda foram mais agraciados que eu, pelo frio matinal.
Quando estaciono o carro, já lá está o instrutor a preparar o terreno com pinos cor de laranja a destoar a relva verdejante e com a corda que eu tive o prazer de conhecer no primeiro treino.
Saio do carro e vejo mais um bootcamper: o Martins que já lá está desde o inicio, seguido do Martins Jr.
– Bom dia – diz o Tomé, e vê-se o Luís a chegar, mesmo à hora que o relógio silenciosamente diz serem 9:00 – vamos começar.
– Hoje, vamos correr?
– Não, hoje ficamos por aqui.
Gelados pelas baixas temperaturas que se fazem sentir dias antes do Carnaval, começa mais um treino de Bootcamp, no Parque Urbano do Jamor.
– Vá, mãos nos bolsos – mãos nos bolsos? Pergunto-me eu, afinal, isto hoje até está bonito – para a frente, e para trás – bom, isto hoje até começa calminho, muito calminho.
Tomé, é um dos instrutores de Bootcamp, o primeiro que conheci, e está actualmente no activo, na Marinha portuguesa. Já se dedicou à fotografia, sobretudo a focar insectos e já esteve em missão em Timor. Aqui nas aulas de Bootcamp, uma das marcas com que fiquei da primeira aula foi que ele gosta muito de dois números: o um e o sete. Não sabia é que ele gosta também de outros números como o zero mas, sobretudo ele aprecia é ouvir-nos contar, a contar a partir do zero claro. Nesta aula, estava eu prestes a descobrir por um lado, que por mais concentrado que o instrutor esteja, às vezes engana-se na contagem e volta ao início, por outro que ele também gosta de outros números como o um e o dois.
- Posição um, cá em cima, posição dois, posição da prancha, entendido?
De assobio na mão lá vamos nós alternando ao som do apito do um para o dois, do dois para o um mas o frio, esse amigo, continua à nossa volta a gelar os nossos tendões e, eu penso em cobertores e que sou louco. Não só eu mas também os meus colegas por largarmos a cama antes das nove da manhã, para nos virmos matar nesta modalidade, ainda recente em Portugal, instruída por activos das Forças Armadas portuguesas.
Suicídio é o próximo exercício: quatro pinos laranjas, a destoar o relvado verde, alinham-se espaçadamente à nossa frente, o parceiro da frente corre até ao primeiro, passa a vez, eu vou até ao segundo, ele até ao terceiro, eu até ao quarto e depois ele terceiro, eu segundo, ele primeiro. Troca. Agora a dianteira é minha – não que isto torne o suicídio mais fácil mas o frio, deixou de me atormentar e a história repete-se. De seguida fazemos o mesmo, em bicos de pé, mas ficamos do outro lado e, como prova de que aprendemos o exercício, fazemos o mesmo, repetindo ainda alternando com flexões, repetimos ao pé coxinho, com saltos de pés juntos – no qual o Martins Jr, parece uma gazela – e eu, enquanto espero pelo meu parceiro ponho a língua de fora. Sim, tal como os cães, na esperança que me ajude a aliviar o cansaço não que funcione mas está mais perto daquilo que o instrutor da semana passada disse sobre o Bootcamp: isto não é para ficar com a língua de fora, é para ficar sem ela!
Pensei eu que, porventura, já estaríamos a meio mas não, óbvio que não então a corda tinha cá vindo hoje fazer o quê? Se era para apanhar frio, mas valia ter ficado enrolada a descansar, como as cobras. Pegámos na corda, de braços esticados e agachamos uma vez, duas vezes, …, vinte vezes. Agora, ainda de braços esticados, levamos a corda para cima e para o centro. O número de vezes repete-se. De braços novamente esticados à nossa frente, o instrutor diz:
– Larguem a corda – e nós assim o fazemos, deixando os braços cair também – braços para cima, agachem um pouco, posição um. Posição dois, prancha, posição três, deitados no chão com as pernas dobradas e pescoço erguido.
Neste exercício, para além da alternância sobretudo entre a posição um e dois, o Tomé voltou a revelar a sua preferência pelo zero, que consistia em nos aproximarmos do chão e que por vezes, quando se enganava na contagem, voltava tudo ao inicio. O zero, neste exercício significava aproximação ao chão. Na posição da prancha resultava em flexões de braços, na posição um, em agachamentos. Isto posto assim, dá um ar muito misterioso à coisa, pois a contagem chegou a ser assim: zero, um dois, zero, zero, zero, um, zero e em algum ponto tornou-se numa contagem contínua.
A seguir a este, rentes à corda, a perna dobra lá à frente, a outra lá atrás.
– A de trás fica a quatro dedos do chão – aproxima-se o instrutor, coloca quatro dedos entre o chão e o meu joelho e eu vejo que estou a doze! O som do apito ecoa pelos nossos ouvidos e vamos alternando ora é a perna esquerda, ora a direita, com mais ou menos rapidez. Sim, é extenuante.
Quando este exercício acaba, reunimo-nos em círculo. O Tomé põe a corda às nossas costas e sugere 200 agachamentos em séries de vinte, contados por nós e lá começamos: zero, um, dois, três, …, vinte.
– Ok está bom. Faltam 180. Dez, nove, oito, sete, …, três, dois, um, recomeça.
– Zero, um, dois – contamos nós, até ao vinte.
Quando faltam duas séries de vinte, o Tomé, após ter andado à nossa volta a ver se estávamos a simular agachamentos ou fazê-los efectivamente, diz amigavelmente:
- Já só faltam duas séries, para acabar a primeira série de duzentos, são três.
É verdade, três vezes duzentos resultaram em seiscentos agachamentos, as séries de vinte cresceram para vinte e cinco e, as de vinte e cinco, para cinquenta. As pernas doeram, o suor na testa do Martins Jr, congelou e, no meu bigode, o suor parecia o orvalho que se forma na cutícula verdejante das folhas das plantas, que era para onde eu olhava para obter mais alguma energia para acabar os agachamentos.
A seguir, o treino estava prestes a terminar, seguiram-se uns alongamentos e um relaxamento, após os quais o Tomé olhou para o relógio e nos deu sete escassos segundos para trazer o material e nos informou que chegáramos cinco segundos depois. Essa eternidade, terminou em flexões, com as mãos e, também com os punhos.
– Se tiverem dores? Aguentem-se!
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sexta-feira, março 05, 2010
Erros no prato
“Eu sai do meu coma alimentar há quatro anos. Por mais tempo, do que aquele que eu quero admitir, eu estava a ser uma vegetariana inconsciente, subsistindo quase exclusivamente em legumes congelados e produtos que imitam a carne.”
Natalya Podgorny, editora da revista Yoga+, Spring 2010
Natalya Podgorny, editora da revista Yoga+, Spring 2010
domingo, fevereiro 21, 2010
Animais, rua!
Prioridade número um, o bem-estar do ser humano.
Prioridade número dois: o bem-estar dos animais.
Fora dos laboratórios.
Os dados da experimentação científica devem ser cuidadosamente extrapolados para os humanos. Nós somos marcadamente diferentes dos animais e há formas artificiais mais próximas de replicar as condições humanas do que os animais de laboratório.
http://www.pcrm.org/resch/anexp/
Fora dos circos.
A arte humana, a expressão das qualidades finas do ser humano é demasiado bela para continuar encoberta pela brutalidade dos animais circenses. Os animais, no meio selvagem, também fazem acrobacias por lazer, não por obrigação.
Fora do prato.
Pelos benefícios que trás à saúde, pelos benefícios que trás ao meio ambiente, para alimentar a população mundial e os que ainda querem vir, para passar o planeta em óptimas condições para as gerações vindouras.
Prioridade número dois: o bem-estar dos animais.
Fora dos laboratórios.
Os dados da experimentação científica devem ser cuidadosamente extrapolados para os humanos. Nós somos marcadamente diferentes dos animais e há formas artificiais mais próximas de replicar as condições humanas do que os animais de laboratório.
http://www.pcrm.org/resch/anexp/
Fora dos circos.
A arte humana, a expressão das qualidades finas do ser humano é demasiado bela para continuar encoberta pela brutalidade dos animais circenses. Os animais, no meio selvagem, também fazem acrobacias por lazer, não por obrigação.
Fora do prato.
Pelos benefícios que trás à saúde, pelos benefícios que trás ao meio ambiente, para alimentar a população mundial e os que ainda querem vir, para passar o planeta em óptimas condições para as gerações vindouras.
sábado, fevereiro 20, 2010
Rubis de sangue - 1 ano depois
No ano passado escrevi aqui, um pequeno apontamento sobre os rubis de sangue cuja situação continua por resolver. Sim, é verdade que são poucas as pessoas que sabem desta situação gravíssima, razões que possivelmente poderei vir a abordar num post posterior mas, este post serve para promover, mais uma vez, o fantástico trabalho da FreeRangeStudios (em inglês)
sábado, fevereiro 13, 2010
Progresso no Yoga
O progresso no yoga não é medido pela flexibilidade adquirida mas pela atitude desenvolvida com a prática.
domingo, fevereiro 07, 2010
Sorrindo
E o que acontece depois? Quando estás tão feliz e sorris de tal forma que o teu sorriso se torna tão grande que extravasa a tua face?
Bom, um sorriso assim tão sincero, gentilmente solta as doces lágrimas da felicidade, as quais, alegremente, fluem no teu semblante, intensificado o brilho da felicidade na tua face.
Bom, um sorriso assim tão sincero, gentilmente solta as doces lágrimas da felicidade, as quais, alegremente, fluem no teu semblante, intensificado o brilho da felicidade na tua face.
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